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É falso que Alto Comando Militar reconheceu que Maduro perdeu eleições
02.08.2024 - 14h27
João Pessoa - PB
Circula nas redes sociais vídeo em que o ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López, afirma que as Forças Armadas do país reconhecem a vitória do candidato da oposição Edmundo González nas eleições presidenciais deste ano. "Diante da informação de que o candidato Edmundo González Urieta já é o vencedor, o Alto Comando Militar venezuelano declara que reconhecerá o novo governo", teria dito. É falso.
Por WhatsApp, leitores da Lupa sugeriram que esse conteúdo fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação​:
Alto Comando Militar reconhece que Nicolas Maduro perdeu [as eleições]
– Legenda de vídeo que circula no WhatsApp
Falso
O vídeo que circula nas redes é antigo e foi manipulado com uso de inteligência artificial (IA). Ao contrário do que mostram as imagens, o ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López, expressou em rede nacional "absoluta lealdade e apoio incondicional" das Forças Armadas Nacionais Bolivarianas ao presidente Nicolás Maduro após o resultado das eleições no país. Além disso, não há qualquer publicação na imprensa (em português e espanhol) afirmando que o alto comando das Forças Armadas na Venezuela reconheceu a vitória do candidato da oposição Edmundo González nas eleições presidenciais deste ano. 
O vídeo original foi publicado em 13 de fevereiro de 2015. No registro, Padrino López reforça apoio a Nicolás Maduro após o Exército desmantelar um plano de tentativa de golpe de Estado. À época, cinco oficiais da Força Aérea foram detidos por suspeita de envolvimento na trama.
Há diversos elementos que mostram que o vídeo que está sendo compartilhado foi manipulado, dentre eles a ausência de sincronização labial das imagens com o áudio. Ademais, quando se compara mensagens oficiais de Padrino López com o vídeo manipulado, é perceptível que não se trata da mesma voz. 
No X (antigo Twitter), posts que estão disseminando o vídeo estão recebendo o aviso de "mídia manipulada". "Não é permitido compartilhar mídia sintética, manipulada ou fora de contexto que possa enganar ou confundir as pessoas e causar danos (“mídias enganosas”). Além disso, podemos marcar posts que contêm mídias enganosas para ajudar as pessoas a entender a autenticidade delas e fornecer mais contexto", informa o link da plataforma.
X está etiquetando vídeo com legenda de 'mídia manipulada'.
Em comunicado divulgado em rede nacional na terça-feira (30), Padrino López afirmou que os protestos que ocorrem no país "são um golpe de Estado" que promovem "a extrema direita". “São expressões de ódio e irracionalidade que formam parte de um plano preconcebido por grupos políticos que sabiam que seriam derrotados. Além disso, comportam uma tentativa de golpe de Estado midiático, suportado pelas redes socais e apoiado pelo imperialismo norte-americano e seus aliados externos e internos”, declarou Padrino López. 
Crise política na Venezuela
A eleição presidencial da Venezuela, que ocorreu no domingo (28), tem sido marcada pela instabilidade política, protestos e pela disseminação de conteúdos falsos nas redes sociais. O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) do país informou na madrugada de segunda (29), por volta de 1 hora (horário de Brasília), que o atual presidente Nicolás Maduro foi reeleito. O órgão, no entanto, não apresentou boletins oficiais nem números finais. A coalizão de oposição, que apoia o candidato Edmundo González, ainda não reconheceu o resultado e contestou o CNE. 
Diversos confrontos vêm ocorrendo no país desde o pleito, resultando em feridos e mortos. Até a tarde de quinta-feira (1º), a organização não-governamental Foro Penal informou que 11 pessoas morreram e outras 711 foram detidas em protestos na Venezuela desde o fim da eleição. Um outro monitor, com informações obtidas por repórteres, correspondentes e comunicados enviados por hospitais, mostra que, até a tarde de terça-feira (30), o total de vítimas era de 13 pessoas.

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Gabriela Soares
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