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Lupa
Candidatos do Rio erram dados sobre saúde e polarizam debate na Band
A checagem foi atualizada com respostas enviadas pelas assessorias de imprensa dos candidatos
10.08.2024 - 09h51
O primeiro debate entre os candidatos à prefeitura do Rio de Janeiro foi marcado por embates sobre segurança pública e por uma dobradinha entre os candidatos bolsonaristas. Realizado pela Band Rio na noite de 8 de agosto, o encontro reuniu os cinco candidatos mais bem posicionados nas pesquisas: o prefeito Eduardo Paes (PSD), que tenta a reeleição; os deputados federais Alexandre Ramagem (PL), Tarcísio Motta (PSOL) e Marcelo Queiroz (PP); e o deputado estadual Rodrigo Amorim (União Brasil).
Durante as mais de 2 horas de debate, os candidatos citaram informações falsas sobre saúde, orçamento público e ações sociais. O prefeito Eduardo Paes errou ao afirmar que sua gestão, após a inauguração do Super Centro Carioca de Saúde, reduziu pela metade o tempo de espera na fila por procedimentos médicos. Marcelo Queiroz (PP) exagerou ao afirmar que a prefeitura do Rio contraiu R$ 5 bilhões em empréstimos apenas no último ano.
Rodrigo Amorim, por sua vez, tirou de contexto a informação de que o Ministério Público proibiu que a prefeitura do Rio realizasse qualquer ação de amparo às pessoas com dependência química.
O debate também teve ataques à gestão de Paes, articulados pela dobradinha formada pelos dois candidatos bolsonaristas. Alexandre Ramagem, aliado de Jair Bolsonaro (PL) e nomeado chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) na gestão do ex-presidente, acusou Paes de omissão e afirmou, exageradamente, que o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) do Rio tinha a pior nota do Sudeste entre as capitais. Já o deputado Rodrigo Amorim, que também alega ter apoio do ex-presidente, alfinetou Paes ao chamá-lo de “filho ingrato de [Sérgio] Cabral” e “pai da mentira”.
O debate foi checado pela Lupa. As assessorias de imprensa dos candidatos foram procuradas e as respostas enviadas pelas equipes serão incluídas nas frases checadas.
Confira a checagem:
“Fui eleito vereador desta cidade [Rio de Janeiro] por duas vezes. Tendo sido da última vez, há quatro anos, o vereador mais votado”
– Tarcísio Motta (PSOL), candidato à prefeitura do Rio de Janeiro, no debate promovido pela Band no dia 8 de agosto de 2024
Verdadeiro
Tarcísio Motta foi eleito vereador duas vezes no município do Rio de Janeiro, em 2016 e 2020. Na última eleição municipal, Tarcísio foi o candidato mais votado à Câmara Municipal do Rio, com 86.243 votos, superando Carlos Bolsonaro (Republicanos), que obteve 71 mil votos.
“(... ) inadmissível que nós tenhamos 500 mil pessoas passando fome”
– Tarcísio Motta (PSOL), candidato à prefeitura do Rio de Janeiro, no debate promovido pela Band no dia 8 de agosto de 2024
Verdadeiro
De acordo com o Mapa da Fome do Rio de Janeiro, um levantamento apresentado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) neste ano, 489 mil pessoas vivem em situação de insegurança alimentar grave, ou seja, passam fome na cidade. 
Ainda de acordo com o mesmo estudo, cerca de 2 milhões de habitantes do Rio de Janeiro convivem com algum grau de insegurança alimentar (leve, moderada ou grave).
As estatísticas foram obtidas através de entrevistas realizadas em 2 mil domicílios das cinco Áreas de Planejamento (APs) do município, entre novembro de 2023 e janeiro de 2024.
"A cidade [do Rio de Janeiro] nesse período de 2021 para cá teve 300 mil empregos criados"
– Eduardo Paes (PSD), candidato à prefeitura do Rio de Janeiro, no debate promovido pela Band no dia 8 de agosto de 2024
Verdadeiro
Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostram que o Rio de Janeiro tem um saldo positivo de 302.068 empregos, no período de 2021 até junho de 2024. 
“Nós temos 9.813 ocorrências de tuberculose no último ano (...)”
– Tarcísio Motta (PSOL), candidato à prefeitura do Rio de Janeiro, no debate promovido pela Band no dia 8 de agosto de 2024
Exagerado
A cidade do Rio de Janeiro registrou 7.629 novos casos de tuberculose em 2023, conforme os  dados divulgados este ano no boletim epidemiológico sobre tuberculose no município do Rio de Janeiro – cujas informações são levantadas pela Secretaria Municipal de Saúde e pelo Centro de Inteligência Epidemiológica (CIE). Esse número está abaixo da estimativa de quase dez mil casos, citada pelo candidato Tarcísio Motta. 
Em 2022, o boletim indicou 7.050 novos casos de tuberculose, mesmo número registrado em 2021
Vale destacar que dados do DATASUS, do Ministério da Saúde, indicam que foram notificados 8.430 casos de tuberculose na cidade do Rio em 2022 e 8.736 casos em 2023. 
“Com o Super Centro Carioca de Saúde, nós diminuímos pela metade a fila, o tempo de espera, na fila do Sisreg”
– Eduardo Paes (PSD), candidato à prefeitura do Rio de Janeiro, no debate promovido pela Band no dia 8 de agosto de 2024
Falso
A fila do Sistema de Regulação (Sisreg) não foi reduzida pela metade após a inauguração do Super Centro Carioca de Saúde. O primeiro bloco do Super Centro Carioca de Saúde foi inaugurado em Benfica, Zona Norte do Rio de Janeiro, em outubro de 2022. Atualmente, o Super Centro Carioca de Saúde é um complexo formado por três unidades.
De acordo com o Portal de Transparência do Sisreg, que gerencia as vagas para o sistema de saúde do município do Rio, a fila acumulada era de 177.194 em dezembro de 2022. Em dezembro de 2023, esse número subiu para 320.778, em maio de 2024, o número mais recente, aponta um aumento para 335.410. 
O tempo médio de espera no sistema era de 81 dias em 2022, e caiu para 75 dias em 2023 e em 2024. Vale ressaltar que em dezembro de 2020, último ano da gestão de Marcelo Crivella (Republicanos), a fila do SISREG era de 340.551. Em dezembro de 2021, primeiro ano do segundo mandato de Eduardo Paes, o número da fila foi reduzido para 156.542. No entanto, nos anos seguintes, houve um novo aumento no número da fila.
“A Prefeitura do Rio, lá atrás, (...) eles assinaram um TAC [Termo de Ajustamento de Conduta] junto ao Ministério Público que proíbe qualquer ação da prefeitura do Rio perante o usuário de droga, as cracolândias”
– Rodrigo Amorim (União Brasil), candidato à prefeitura do Rio de Janeiro, no debate promovido pela Band no dia 8 de agosto de 2024
Falso
Em maio de 2012, no primeiro mandato de Eduardo Paes como prefeito do Rio, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) considerou ilegal a internação compulsória de usuários de drogas na capital fluminense. Na época, Paes havia anunciado que adotaria esse procedimento com adultos viciados em crack. Em nenhum momento, no entanto, o MP proibiu que a prefeitura do Rio realizasse outras ações de amparo às pessoas com dependência química. 
O Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado entre o MP e a Prefeitura do Rio, citado pelo candidato Amorim, determinava, na verdade, que o município deveria adequar instalações públicas para receber usuários de drogas, especialmente de crack. 
Naquele ano, o MP alegou que os abrigos da prefeitura não tinham equipamentos adequados, tampouco especialistas em saúde mental para receber e tratar usuários de drogas.
A assessoria do candidato Rodrigo Amorim, em nota enviada à Lupa, afirmou que ao assinar o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), em 2012, o prefeito assumiu o compromisso de remover das ruas apenas os dependentes químicos que estivessem em flagrante delito. “Ao assinar o TAC o prefeito está demonstrando passividade em relação ao tema”.
No entanto, como destacou a checagem da Lupa, o TAC impede a remoção compulsória, mas não proíbe outras ações de assistência.
"(...) o Sisreg com uma fila de 335 mil pessoas"
– Marcelo Queiroz (PP), candidato à prefeitura do Rio de Janeiro, no debate promovido pela Band no dia 8 de agosto de 2024
Verdadeiro
“(...) eu sou deputado federal [eleito] com mais de 73 mil votos”
– Marcelo Queiroz (PP), candidato à prefeitura do Rio de Janeiro, no debate promovido pela Band no dia 8 de agosto de 2024
Verdadeiro
Nas eleições de 2022, Marcelo Queiroz foi eleito deputado federal com 73.728 votos, para representar o estado do Rio de Janeiro, segundo resultado divulgado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
"(...) R$ 5 bilhões de empréstimos contraídos pela prefeitura do Rio neste último ano"
– Marcelo Queiroz (PP), candidato à prefeitura do Rio de Janeiro, no debate promovido pela Band no dia 8 de agosto de 2024
Exagerado
O valor financeiro mencionado pelo candidato Marcelo Queiroz (PP) considera, na verdade, a somatória dos empréstimos que a prefeitura do Rio contraiu desde 2021 — e não apenas no último ano. Considerando os valores autorizados entre 2023 e 2024, a soma é de R$ 2,4 bilhões. 
Em novembro de 2022, a prefeitura do Rio foi autorizada a contratar um empréstimo de  US$ 140 milhões —  cerca de R$ 771 milhões na cotação atual do dólar desta sexta-feira (09), com o Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD). O foco era principalmente para investimento no sistema de transportes da cidade.
Ainda em 2022, foram autorizados empréstimos de R$ 1,8 bilhão com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Banco do Brasil. 
Em 2023, a prefeitura obteve dois empréstimos: um de R$ 702 milhões junto ao BNDES para a implantação do Plano de Mobilidade Urbana de Campo Grande; e de R$ 797 milhões com a Caixa Econômica Federal para a compra de novos ônibus articulados para o sistema BRT.
Por último, em abril deste ano, a Câmara do Rio autorizou a contratação de um empréstimo de R$ 950 milhões com o Banco do Brasil. Esses recursos devem ser investidos na implementação e ampliação de programas de infraestrutura.
"A vacina, quando foi estabelecida no mundo, na Inglaterra pela primeira vez, um mês depois já estava sendo aplicada aqui no Brasil"
– Alexandre Ramagem (PL), candidato à prefeitura do Rio de Janeiro, no debate promovido pela Band no dia 8 de agosto de 2024
Falta contexto
A vacinação contra a Covid-19 no Brasil começou em 17 de janeiro de 2021 — 41 dias depois de a primeira pessoa do mundo, exceto voluntários em testes, ter recebido o imunizante no Reino Unido, em 8 de dezembro de 2020. Antes do Brasil, no entanto, pelo menos 47 países já haviam iniciado a imunização contra a doença.
Vale pontuar que a primeira vacina contra a Covid-19 no país foi a CoronaVac, desenvolvida pelo Instituto Butantan, em São Paulo, em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac. O imunizante foi criticado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em pelo menos 10 ocasiões antes de começar a ser aplicado na população brasileira.
Em 21 de outubro de 2020, por exemplo, o ex-presidente afirmou que o governo federal não compraria as doses da CoronaVac e que o povo brasileiro não seria “cobaia de ninguém”. Ele também chamou a CoronaVac de "vacina chinesa de João Doria".
Além disso, a campanha de vacinação no Brasil começou em ritmo lento. Até 18 de abril de 2021, apenas 4,5% da população já tinha recebido a segunda dose das vacinas até então disponíveis (página 4). Em maio daquele ano, o ritmo de desacelerou ainda mais. Em julho de 2021, seis meses após o início da campanha, apenas 13% da população brasileira havia completado a vacinação contra a Covid-19 — naquela altura, os país havia registrado 525 mil mortes em decorrência da Covid.
"Nós [prefeitura] reformamos todas as luzes dessa cidade"
– Eduardo Paes (PSD), candidato à prefeitura do Rio de Janeiro, no debate promovido pela Band no dia 8 de agosto de 2024
Falta contexto
A Prefeitura do Rio de Janeiro anunciou, em junho deste ano, que todos os 450 mil pontos de luz da cidade receberam lâmpadas de LED nos últimos três anos. A colocação das luminárias teve início no dia 4 de fevereiro de 2021, na Barra da Tijuca, próximo ao terminal Jardim Oceânico do BRT. A iniciativa faz parte do Programa Luz Maravilha, uma Parceria Público-Privada
No entanto, o programa foi iniciado na gestão anterior, de Marcelo Crivella (Republicanos). Em 28 de abril de 2020, foi publicada a assinatura do contrato do projeto Iluminação Pública do município, celebrado entre Smart RJ Concessionária de Iluminação Pública e a Secretaria Municipal de Coordenação Governamental do Município de Rio de Janeiro. O contrato prevê o investimento de R$ 1,4 bilhão na modernização da iluminação e na conectividade da cidade pelos próximos 20 anos.
"Colocamos as contas da Prefeitura no azul nos últimos três anos e meio"
– Eduardo Paes (PSD), candidato à prefeitura do Rio de Janeiro, no debate promovido pela Band no dia 8 de agosto de 2024
Falso
No último ano, a Prefeitura do Rio de Janeiro fechou suas contas no vermelho, com um resultado orçamentário negativo de R$ 1,36 bilhão (página 17). Em 2022, o déficit foi de R$ 932,9 milhões (página 17). As contas da gestão atual da prefeitura do Rio fecharam no azul apenas em 2021, com um superávit de R$ 5 milhões (página 19).
“Bolsonaro entregou o país com o superávit”
– Alexandre Ramagem (PL),candidato à prefeitura do Rio de Janeiro, no debate promovido pela Band no dia 8 de agosto de 2024
Falta contexto
Embora o Brasil tenha fechado 2022, último ano do governo de Jair Bolsonaro, com um superávit primário de R$ 54,1 bilhões (página 7), o balanço apresentado naquele ano pela Secretaria do Tesouro Nacional não incluiu as dívidas cujos pagamentos foram adiados pelo governo do ex-capitão do Exército. 
Se considerarmos os precatórios não pagos, por exemplo, o governo Bolsonaro deixou uma  dívida acumulada de R$ 141,7 bilhões (até dezembro de 2022) para o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O pagamento dos precatórios (dívidas que precisam ser pagas pelo Estado após determinação judicial) foi adiado pelo governo Bolsonaro em decorrência da PEC dos Precatórios. Essa Proposta de Emenda à Constituição, aprovada no final de 2021, permitiu ao governo anterior postergar a quitação de dívidas judiciais.  
Além dos precatórios, a gestão de Bolsonaro também deixou Restos a Pagar (RAPs), nome técnico dado às despesas contratadas de anos anteriores que ainda não haviam sido quitadas. No total, foram R$ 255,2 bilhões em despesas contratadas e não pagas transferidas para 2023 — o primeiro ano de Lula.
"O Ideb do Rio de Janeiro é o pior Ideb do Sudeste entre as capitais"
– Alexandre Ramagem (PL),candidato à prefeitura do Rio de Janeiro, no debate promovido pela Band no dia 8 de agosto de 2024
Exagerado
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) do Ensino Fundamental - Anos Iniciais, da Rede Municipal, mostra o Rio de Janeiro na 14ª posição entre 26 capitais, com nota 5,4 (resultado referente ao ano de 2021), atrás de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, que registrou nota 5,8; da cidade de São Paulo, com 5,7; e de Vitória, capital do Espírito Santo, com 5,6 (página 15).
No entanto, em relação ao Ideb do Ensino Fundamental - Anos Finais, a rede municipal do Rio ficou na 11ª posição entre 22 capitais, com nota 5,0 (dado de 2021). Nesta categoria, o município ficou atrás de Belo Horizonte, 5,2; e São Paulo, 5,1. Porém, ficou à frente de Vitória, que registrou nota 4,6 (página 16).
Os resultados do Ideb coletados em 2021 — e divulgados em 2022 —  precisam ser interpretados com cautela, devido a dificuldades enfrentadas por estudantes e escolas no ensino remoto durante a pandemia de covid-19. O Ideb é divulgado a cada dois anos. Os resultados de 2023 serão divulgados no segundo semestre deste ano.
"A empresa que construiu a ciclovia voltou a contratar com a prefeitura. Pegou a obra da estação Leopoldina para ganhar R$ 136 milhões”
– Alexandre Ramagem (PL), candidato à prefeitura do Rio de Janeiro, no debate promovido pela Band no dia 8 de agosto de 2024
Exagerado
Ramagem faz referência à Ciclovia Tim Maia, onde um desabamento provocou a morte de duas pessoas em 2016. O Consórcio Contemat-Concrejato era o responsável pela obra. A Concrejato voltou a ser contratada pela Prefeitura, porém a obra da Estação Leopoldina (também chamada de Estação Barão de Mauá) custou R$ 72,3 milhões.
O valor citado pelo candidato é referente ao total de contratos entre a Prefeitura e a empresa, que já ultrapassa R$ 136 milhões.
“O [ex-governador Sérgio] Cabral ele tava lá, lá em Paris, naquele episódio da farra dos guardanapos”
– Rodrigo Amorim (União Brasil), candidato à prefeitura do Rio de Janeiro, no debate promovido pela Band no dia 8 de agosto de 2024
Verdadeiro
A farra dos guardanapos é o episódio pelo qual ficou conhecido um jantar promovido pelo então governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (sem partido), em um hotel de luxo de Paris, em setembro de 2009. A festa teve a participação de secretários de Estado e empresários envolvidos em esquema de propinas. Estima-se que foram gastos R$ 1,5 milhão na celebração, que incluiu 300 garrafas de vinhos e espumantes para 150 convidados.
As fotos do evento, que mostram os políticos e empreiteiros com guardanapos amarrados na cabeça, foram divulgadas apenas três anos depois, em 2012, pelo ex-governador Anthony Garotinho (Republicanos), rival político de Cabral. 
A farra promovida por Cabral chamou atenção das autoridades brasileiras para a relação suspeita do ex-governador com empresários. O episódio também marcou o início do declínio de Cabral. Em novembro de 2016, sete anos depois da festa e quatro após a divulgação das imagens, o político foi preso acusado de corrupção e desvio de dinheiro público.
"Há uma dificuldade de implementar o ensino integral, que foi prometido e não foi concretizado 100%
– Marcelo Queiroz (PP), candidato à prefeitura do Rio de Janeiro, no debate promovido pela Band no dia 8 de agosto de 2024
Verdadeiro
Dados da campanha “Educação Já Municípios”, da organização da sociedade civil Todos pela Educação, apontam que, em 2023, 44% das matrículas na rede municipal de ensino do Rio de Janeiro ocorreram no modelo de tempo integral, sendo 86% em creches, 29% na pré-escola, 39% nos anos iniciais e 42% nos anos finais (página 8). 
Em julho de 2022, o prefeito Eduardo Paes (PSD) publicou a Lei nº 7.453/2022, que estabelece o turno único de, no mínimo, sete horas em toda a rede municipal de ensino. Contudo, a legislação determina que o prazo de implementação vai até o ano de 2031.
Antes da lei publicada por Paes, em 2014, o Plano Nacional de Educação já previa oferecer educação em tempo integral em, no mínimo, 50% das escolas públicas até 2024, de forma a atender, pelo menos, 25% dos alunos da educação básica (página 28). O prazo para alcançar as metas se encerrou no dia 24 de junho deste ano.
“Nós temos um déficit de vagas de creche, que estamos tendo multas judiciais de R$ 2 bilhões”
– Alexandre Ramagem (PL), candidato à prefeitura do Rio de Janeiro, no debate promovido pela Band no dia 8 de agosto de 2024
Verdadeiro
Em 2024, a Prefeitura do Rio de Janeiro foi multada por não ter zerado a fila de espera por vagas em creches na cidade. A sentença foi dada pela 1ª Vara da Infância e Juventude e do Idoso, em resposta a uma Ação Civil Pública (ACP) instaurada pelo Ministério Público e pela Defensoria Pública Estadual em 2009.
Desde a decisão final da sentença, julgada em 15 de abril de 2009, o valor da multa continuou a se acumular. A multa por descumprimento da decisão é de R$ 300,00 para cada criança fora da creche.
Segundo a Defensoria Pública do Rio de Janeiro, ao final do ano letivo de 2023 havia 12.394 crianças de zero a seis anos esperando vagas de turno integral e 2.911 aguardando vagas em turno parcial.
“O Brasil foi (...) o quarto país do mundo que menos desceu em problema de PIB [na pandemia]”
– Alexandre Ramagem (PL), candidato à prefeitura do Rio de Janeiro, no debate promovido pela Band no dia 8 de agosto de 2024
Falso
Levantamento do desempenho de 191 países durante a pandemia da Covid-19, feito com dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), indica que o Brasil teve um crescimento acumulado de 4,5% entre 2020 e 2023. Com isso, ficou atrás de outras 96 nações. Outros países da América Latina tiveram resultado melhor no período, como a Colômbia (10,7%), o Chile (7,4%) e a Argentina (4,6%). 
Um artigo dos economistas Samuel Pessoa e Mariam Dayoub, publicado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), também revela que o Brasil ficou em 13º lugar no crescimento acumulado do Produto Interno Bruto (PIB) durante a pandemia, em um ranking de 47 países. A análise calculou a variação entre o quarto trimestre de 2019 e o quarto trimestre de 2022. Os dados foram disponibilizados pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Outra análise com informações do FMI e do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), compiladas pelo portal Poder 360, indica que o Brasil teve a 10ª taxa de crescimento entre os países da OCDE durante o período de 2020 a 2022.
“Houve vacina para todos que quiseram se vacinar [no governo Bolsonaro]”
– Alexandre Ramagem (PL), candidato à prefeitura do Rio de Janeiro, no debate promovido pela Band no dia 8 de agosto de 2024
Falso
Durante a pandemia, o governo Bolsonaro demorou para começar a vacinar a população contra a Covid-19. Mesmo quando começou a aplicar os imunizantes, o processo de aquisição ocorreu de forma lenta, em um período crítico de avanço da doença. Em 6 de agosto de 2021, cerca de nove meses depois do início da aplicação dos imunizantes no mundo, apenas metade dos brasileiros havia tomado ao menos uma dose e só 22% tinham o esquema vacinal completo.
O primeiro país a aprovar um imunizante e iniciar sua aplicação foi o Reino Unido, com a vacina da Pfizer, em 8 de dezembro de 2020. As vacinas contra a Covid-19 começaram a ser aplicadas no Brasil apenas em 17 de janeiro de 2021, quando a enfermeira Mônica Calazans recebeu uma dose da CoronaVac, no Hospital das Clínicas de São Paulo. Em 2020, a Covid-19 foi a causa da morte de 194.949 pessoas no Brasil.
Em 22 de fevereiro de 2021, dois meses e meio depois de as primeiras vacinas terem sido aplicadas no mundo, apenas 2,8% da população brasileira havia recebido a primeira dose. O atraso na contratação e compra de vacinas, além de dificuldades criadas pela desastrosa política sanitária  do governo Bolsonaro, entre outros pontos, foram apontados por entidades, como o Conselho Nacional de Saúde (CNS), como causas para a pouca disponibilidade de imunizantes em um período com alto índice de mortes pela doença.
Um exemplo é o atraso na compra das vacinas da Pfizer. O Ministério da Saúde e o então presidente Jair Bolsonaro ignoraram ao menos cinco ofertas da farmacêutica. Na época, especialistas calcularam que 95 mil vidas poderiam ter sido salvas caso o governo Bolsonaro não tivesse ignorado as propostas. 
Em outubro de 2021, a CPI da Pandemia concluiu que o governo negligenciou a compra dos imunizantes ainda em 2020 — o que atrasou a vacinação e não permitiu que uma quantidade maior de pessoas tivessem acesso aos imunizantes mais rapidamente. Vale pontuar que 2021 foi o ano mais letal da Covid-19. Foram 619.109 mortes pela doença até dezembro daquele ano. 

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Catiane Pereira
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