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É falso que 7 médicos que pesquisavam Covid-19 morreram no acidente da VoePass
14.08.2024 - 16h10
Rio de Janeiro - RJ
Em vídeo de teor conspiracionista, um homem afirma que 15 médicos morreram no acidente aéreo em Vinhedo (SP), na sexta-feira (9), entre eles, 7 especialistas em “sequenciamento genético”, com pesquisas mostrando como isolar um “vírus de alto teor infeccioso” — ele não menciona qual —, e “dissolver a infecciosidade” e a “virulência” da Covid-19. É falso.
Por meio do ​projeto de verificação de notícias​, usuários do Facebook solicitaram que esse material fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação da Lupa​:
“Dos 15 médicos [que faleceram no acidente aéreo], 7 eram especialistas em sequenciamento genético de se isolar vírus com alto teor infeccioso (...) Esses médicos que estavam no avião, sete deles, foram a equipe responsável (...) por dissolver a infecciosidade o sistema de contagem e também a virulência dentro da cepa da Covid-19”
– Trechos de fala em vídeo que circula nas redes sociais
Falso
O Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR) divulgou uma nota nesta segunda-feira (12) informando que, entre as 62 pessoas que estavam a bordo do avião da VoePass que caiu em Vinhedo (SP), na sexta-feira (9), foram identificados 4 médicos, e não 15, como afirmado no vídeo de conteúdo desinformativo. Nenhum deles era especialista em “sequenciamento genético”, ou responsável por pesquisa sobre como “isolar vírus com alto teor infeccioso” ou sobre a “virulência” da Covid-19. Tampouco trabalharam no mesmo laboratório.  
Arianne Albuquerque e Mariana Comiran Belim eram residentes de oncologia do Hospital do Câncer Uopeccan, em Cascavel (PR). Os nomes de ambas não estão associadas a qualquer pesquisa que envolva sequenciamento genético de vírus. Confira o currículo Lattes de cada uma aqui e aqui
Mariana Comiran Belim chegou a fazer um estudo relacionado à Covid-19 — apresentado como Trabalho de Conclusão de Curso do Programa de Residência em Clínica Médica da Universidade Estadual do Maringá (UEM) —, contudo, sem relação com a virulência do SARS-CoV-2, vírus responsável pela doença. A pesquisa investigou a prevalência de insuficiência renal aguda (IRA) em pacientes com Covid-19 internados em UTI, correlacionando comorbidades, tempo de internação, terapia renal, recuperação da função renal e mortalidade. 
José Roberto Leonel Ferreira era médico radiologista do Hospital Policlínica de Cascavel desde 1989 e professor aposentado, há três meses, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste). Seu currículo Lattes não apresenta pesquisa sobre infectologia — especialidade médica relacionada ao diagnóstico e tratamento de infecções causadas por vírus, bactérias, fungos e parasitas. 
A médica Sarah Sella Langer era pediatra especialista em alergias, membro da Câmara Técnica de Alergia e Imunologia do CRM-PR e também não estava envolvida em estudos relacionados a vírus
Esse não é o único boato do gênero que circulou nas redes. Esta semana a Lupa desmentiu conteúdos que alegavam falsamente que os médicos que faleceram no acidente aéreo faziam parte de equipe de especialistas pioneiros em estudos sobre a fosfoetanolamina, a 'pílula do câncer' — substância sem comprovação de eficácia contra a doença.

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Nota: Este conteúdo faz parte do projeto Mídia e Democracia, produzido pela Escola de Comunicação, Mídia e Informação da Fundação Getulio Vargas (FGV ECMI) e a FGV Direito Rio em parceria com Democracy Reporting International e a Lupa. A iniciativa é financiada pela União Europeia.
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Ítalo Rômany
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