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É falso que Japão declarou estado de emergência após encontrar nanorrobôs em pessoas vacinadas contra a Covid-19
15.08.2024 - 15h23
Florianópolis - SC
Circula pelas redes sociais que o Japão declarou estado de emergência depois que nanorrobôs foram supostamente encontrados em 96 milhões de cidadãos. A publicação viral  sugere que a presença desses dispositivos minúsculos seria uma das consequências desastrosas das vacinas da Covid-19. Alega ainda que o país teria emitido um pedido de desculpas para a população e lançado investigações científicas e criminais para punir os responsáveis. 
Por fim, o post compartilhado em correntes de WhatsApp afirma que a “elite globalista” e os grandes laboratórios farmacêuticos estariam ordenando um bloqueio de qualquer notícia do Japão. É falso.
Por WhatsApp, leitores da Lupa sugeriram que esse conteúdo fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação​:
“Japão declara estado de emergência após 'nanobots' serem encontrados em 96 milhões de cidadãos"
– Texto que circula no WhatsApp
Falso
Embora a nanotecnologia seja usada como aliada no desenvolvimento de vacinas e medicamentos, isso não quer dizer que esse tipo de tecnologia — que trabalha em uma escala nanométrica, ou seja, na escala de um milionésimo de milímetro — introduza microrrobôs.  

Boato surgiu a partir de artigo publicado por professor de linguística e obstetra

Peças desinformativas de que o Japão teria “descoberto” a presença de nanorrobôs na população japonesa começaram a circular primeiramente em inglês, depois que um artigo foi publicado na International Journal of Vaccine Theory, Practice, and Research (Jornal Internacional de Teoria, Prática e Pesquisa de Vacinas, em tradução livre) em julho de 2024. 
O estudo não foi revisado por pares e é assinado por uma médica obstetra e ginecologista da Coreia do Sul e por um professor de linguística do Japão — e não por especialistas em microbiologia e vacinas. 
Para o estudo, eles injetaram sobras de vacinas da Pfizer e da Moderna em amostras de sangue e sêmem e fizeram análises observacionais em microscópios. Os autores concluíram, a partir apenas de observação, que os imunizantes contêm “componentes de engenharia adicionais”. Em tom alarmista e não usual em pesquisas científicas, chamam as fórmulas desenvolvidas para prevenir formas graves da Covid-19 de “injetáveis” e as descrevem como “perversões”. Por fim, sugerem outras investigações e clamam por uma “proibição imediata”. 
Vale pontuar que a International Journal of Vaccine Theory, Practice, and Research é uma revista que surgiu durante a pandemia da Covid-19 e, desde a primeira edição, publica artigos críticos às vacinas que estavam sendo desenvolvidas contra o novo coronavírus. Além disso, o corpo editorial é formado por profissionais da área de literatura, filosofia, linguística e direito, entre outros, ou seja, não por especialistas em imunologia.
"(...) O Japão emitiu um pedido de desculpas aos seus cidadãos pelas consequências desastrosas das vacinas de mRNA contra a COVID-19 e lançou investigações científicas e criminais de grande escala para estabelecer a verdade e punir os responsáveis.
A elite globalista e a Big Pharma estão em pânico, aterrorizadas com o que os japoneses estão descobrindo, e estão fazendo de tudo para desacreditar essas investigações, inclusive ordenando que a grande mídia inicie um bloqueio total de qualquer notícia vinda do Japão. (...)”
– Texto que circula no WhatsApp
Falso
Não há qualquer informação nas páginas oficiais do governo japonês sobre um pedido de desculpas aos cidadãos em razão das vacinas. Diferentemente do sugere a publicação, o Japão segue estimulando a imunização contra a Covid-19.  
No site do Primeiro Ministro do país, estão em destaque quadros informativos que ressaltam que as fórmulas mostraram efeitos substanciais para prevenir formas graves da doença e que as vacinas são “altamente eficazes na prevenção do aparecimento de sintomas, mesmo em idosos e pessoas com problemas de saúde subjacentes, como hipertensão ou diabetes”. Por mim, o governo afirma que, além de benéficos, os imunizantes são um instrumento importante na redução dos encargos para as instituições médicas. 
As vacinas contra a Covid-19 autorizadas no país são as de mRNA Comirnaty (Pfizer-BioNTech) e Spikevax (Takeda Pharmaceutical Company Limited / Moderna Inc.) e a de proteína recombinante Nuvaxovid (Takeda Pharmaceutical Company Limited).  
Em junho, conteúdo similar foi desmentido pela Lupa. Vídeos mostravam um homem, supostamente um líder do governo japonês, pedindo desculpas aos não vacinados contra a Covid-19 porque os imunizantes teriam matado milhões de pessoas. A pessoa da publicação, contudo, era integrante de um partido de oposição do governo japonês — e não parte do Executivo. Além disso, embora ele tenha alegado, sem provas, que as vacinas contra Covid-19 foram prejudiciais à saúde, em nenhum trecho de sua fala ele pede desculpas e afirma que as vacinas mataram milhões de pessoas.  

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Ítalo Rômany
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