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Briga Moraes-Musk chega a 2 milhões de brasileiros via apps: veja o que circulou
Nas oito horas seguintes à decisão judicial que mandou suspender o X no Brasil, mensagens mencionando a disputa entre o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e o empresário Elon Musk, dono da plataforma, chegaram a pelo menos 2,1 milhões de pessoas via grupos públicos de WhatsApp e Telegram. Dos 67 DDDs existentes no país, 50 (74%) participaram do papo sobre o banimento do ex-Twitter entre as 16h30 de sexta-feira (30) e a 0h30 de sábado (31). Os dados são da Palver.
Extraído da palver, mapa mostra DDDs que foram usados para acessar apps e comentar Musk-Moraes
Cerca de 1,4 mil mensagens únicas foram disseminadas por 80 mil grupos monitorados pela ferramenta. Nas oito horas analisadas, tanto o nome do ministro do STF quanto o do empresário foram citados mais vezes do que os do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ex-presidente Jair Bolsonaro, historicamente populares nesses espaços digitais. 
No WhatsApp, mensagens virais são críticas a Moraes
No universo de mensagens observados via Palver, Moraes aparece mais vezes do que Musk. O ministro é citado em 1.241 conteúdos, enquanto o empresário, em 581. Mais mencionado, Moraes também é mais criticado. Duas mensagens únicas neste universo foram sinalizadas pelo WhatsApp com as duas setas que indicam que o conteúdo foi encaminhado com frequência no aplicativo. Essas mensagens eram consideradas negativas ao ministro e, segundo a Palver, podem ter chegado a pelo menos 5 mil pessoas em nove grupos públicos de WhatsApp em apenas oito horas. Uma delas é uma antiga narrativa falsa que voltou a circular após o último embate entre Moares e Musk. Um vídeo que os grupos trataram como censurado, mas que é, na verdade, uma fake já desmentida sobre 8 de janeiro.
Já as duas mensagens únicas de WhatsApp que citavam Musk no período e que também foram marcadas com as setas duplas de encaminhado com frequência tratavam o empresário com leveza. Uma reproduzia um meme em que Musk aparecia pedindo contribuições via Pix (um golpe já considerado clássico no Brasil e que inspira diferentes memes) e a outra destacando que ele não estava mesmo blefando com a série que ficou conhecida como Twitter Files. O material pode ter impactado ao menos 3 mil usuários do app em sete grupos públicos na sexta-feira, conforme os dados da Palver.
No Telegram, políticos incitam respostas radicais
O duelo Musk-Moraes é ainda mais polarizado nos grupos públicos do Telegram, onde virou arma para políticos conhecidos no cenário nacional incitarem, mais uma vez, reações radicais voltadas contra o STF. Em vídeos gravados originalmente para outras plataformas, os deputados federais Gustavo Gayer (PL-GO) e Nikolas Ferreira (PL-MG) sugerem uma reação nacional de peso contra os poderes da República. Gayer chegou a 13 mil pessoas e pelo menos um grupo ativo no app, dizendo que "estamos indo pro tudo ou nada dessa vez". Ferreira alcançou 344 mil usuários de Telegram em nove canais públicos da plataforma dizendo que é hora de suspender as atividades do Congresso.
Já o Partido da Causa Operária (PCO) fez circular no Telegram a informação de que pretende "protocolar liminar para derrubar decisão de Moraes" sobre o X. Em junho de 2022, o partido teve sua conta na plataforma bloqueada por determinação do magistrado, que julgou que o perfil era usado para disseminar notícias falsas. A sigla só recuperou o espaço quase um ano depois, em fevereiro de 2023
Mensagens criticando a multa de R$ 50 mil a quem usar VPN para acessar o X, parte da decisão de Moraes, chegaram a mais de 460 mil usuários do Telegram. "Esse é um nível de restrição que não existe nem na Rússia, sendo equivalente apenas a países como a Coreia do Norte e o Irã", diz o conteúdo, que circulou por pelo menos 34 canais em 8 horas. 
Outros dois destaques foram a reprodução do posicionamento da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil (que, em nota, ressaltou que "a liberdade de expressão é um pilar fundamental em uma democracia saudável"), que alcançou 277 mil usuários do Telegram em dez canais públicos, e o do ex-ministro do STF Marco Aurélio de Mello (que disse que a decisão de Moraes é algo "próprio a regimes autoritários"), que pode ter impactado 53 mil indivíduos em cinco espaços de debate público criados no aplicativo. 
Nota: Esta é uma versão atualizada do artigo que foi publicado na newsletter premium do Meio na manhã deste sábado (31). No texto original, fizemos uma análise de como mais de 80 mil grupos de Whatsapp e Telegram debateram a disputa legal entre o ministro do Supremo Alexandre de Moraes e o empresário Elon Musk, dono do X, nas 48h que sucederam a intimação do milionário para que indicasse um novo representante legal da plataforma no país. Nesta versão aqui, nos debruçamos sobre o mesmo universo digital, mas com foco nas conversas travadas na tarde e/ou noite de sexta-feira (30), nas oito horas depois de Moraes ter determinado a suspensão do X em território nacional devido ao não cumprimento da intimação por parte de Musk. Para ver o texto original publicado na newsletter esta manhã, convidamos você a visitar/assinar o Meio.

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João Pedro Capobianco
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