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'Invasorzinho', 'marginal': Ricardo Nunes fere normas do TSE ao impulsionar cortes de debate com ataques
02.09.2024 - 17h32
João Pessoa - PB
A campanha de Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição para a prefeitura de São Paulo, tem impulsionado na plataforma da Meta desde domingo (01) trechos do debate promovido pela TV Gazeta em parceria com o MyNews com ataques pessoais contra outros candidatos. Esse tipo de anúncio pago fere as normas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que diz  que é "vedado o uso do impulsionamento para propaganda negativa". Numa das publicações, com alcance de mais de 1 milhão de usuários, Nunes chama o candidato Guilherme Boulos de 'invasorzinho' e 'sem-vergonha'.
A Lupa identificou ao menos 10 anúncios de vídeos com ataques ao candidato Guilherme Boulos (PSOL) e outros 15 posts patrocinados contra Pablo Marçal (PRTB). Somados, os impulsionamentos custaram cerca de R$ 29,4 mil, com cada publicação tendo um tamanho estimado de alcance de 1 milhão de usuários. 
Contra o candidato do PSOL, a campanha de Ricardo Nunes destacou trechos em que o prefeito de São Paulo reforça a alcunha de 'invasor' que é dada a Guilherme Boulos. "Invasores em São Paulo não se cria", diz uma das legendas. "Boulos é a favor da liberação das drogas e quer desmilitarizar a polícia. De que lado você está?", diz outro anúncio que destaca um trecho do debate em que Nunes chama Boulos de 'sem-vergonha'. 
"Eu estou fazendo o maior programa habitacional, dando casas para as pessoas. Enquanto você invade, eu entrego casas, seu invasorzinho sem vergonha", afirma Nunes, no trecho do vídeo impulsionado no Facebook e Instagram, com gastos entre R$ 1,5 mil e 2 mil.
Em relação ao candidato Pablo Marçal, a campanha de Nunes destaca a condenação que o empresário sofreu em 2010 pelo crime de furto qualificado. "É M de mentira, M de Maracutaia, M de marginal. Marçal é um mentiroso condenado que aplicou golpes em várias pessoas por meio de e-mails falsos. Jamais deixarei que ele seja prefeito de nossa SP", diz uma das legendas dos anúncios. "A mentira tem perna curta! Do jeito que anda mentindo na campanha, em breve Marçal estará comendo bananinha na cadeia de novo", afirma em outra publicação.
Em maio de 2010, Pablo Marçal foi condenado pelo Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região pelo delito de furto qualificado. Ele recebeu uma sentença de quatro anos e cinco meses de reclusão, acusado de participar de uma quadrilha especializada em golpes digitais. O grupo criminoso operava criando sites falsos de bancos públicos para desviar dinheiro de correntistas. 
O que diz a norma do TSE
De acordo com a Resolução nº 23.732, de 27 de fevereiro de 2024, o impulsionamento de conteúdo em provedor de aplicação de internet somente poderá ser utilizado para promover ou beneficiar candidato, partido ou federação que o contrate. A propaganda negativa é proibida tanto no impulsionamento quanto na priorização paga de conteúdos em aplicações de busca.
O artigo 7-A afirma que "o impulsionamento de conteúdo em provedor de aplicação de internet somente poderá ser utilizado para promover ou beneficiar candidatura, partido político ou federação que o contrate, sendo vedado o uso do impulsionamento para propaganda negativa".
Já o artigo 7-B reforça que é proibida a priorização paga de conteúdos em aplicações de busca na internet que "I - promova propaganda negativa; II - utilize como palavra-chave nome, sigla, alcunha ou apelido de partido, federação, coligação, candidata ou candidato adversário, mesmo com a finalidade de promover propaganda positiva do responsável pelo impulsionamento".
A resolução também afirma que é proibido "ofender a honra ou a imagem de candidatas, candidatos, partidos, federações ou coligações, ou divulgar fatos sabidamente inverídicos". 
Outro lado
Em nota, a Meta afirmou que "anúncios sobre temas sociais, eleições ou política são removidos quando é identificada a violação de nossas políticas de conteúdo e de publicidade ou uma violação às normas locais apontada pelas autoridades competentes". Os posts, entretanto, ainda continuavam no ar na tarde desta segunda-feira (02).
A campanha de Ricardo Nunes não retornou o contato por e-mail.

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Ítalo Rômany
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