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É falso que Maria do Rosário chamou policial que reagiu a assalto de ‘PM opressor’
05.09.2024 - 17h56
Rio de Janeiro - RJ
Circula nas redes sociais uma gravação em que o então deputado estadual Cabo Júlio (MDB-MG) afirma que a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) criticou um policial que se defendeu e matou três assaltantes. Ela teria feito um post no Facebook em que chama o agente de segurança de “PM opressor” e escrito que, se ele não tivesse reagido, apenas uma família choraria. É falso.
Por WhatsApp, leitores sugeriram que o conteúdo fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação da Lupa​: 
“Aconteceu um assalto em São Paulo. O motorista do Uber pegou três clientes e no meio do caminho esses três clientes eram três assaltantes que tentaram matar esse motorista, que era um policial aposentado. Esse policial reagiu ao assalto colocando a sua vida em risco e matou os três assaltantes. E aí me vem a deputada Maria do Rosário lá do Rio Grande do Sul e soltou esse absurdo que deve ser repudiado por todos. Diz ela o seguinte: ‘Era bom que a sociedade parasse para pensar’, ‘tá aqui no Facebook dela: ‘Hoje temos três famílias chorando em razão desse PM opressor. Caso ele não tivesse reagido, apenas uma família choraria, assim o prejuízo seria menor para a sociedade’”

– Transcrição de trecho do vídeo que circula nas redes sociais
Falso
A deputada federal Maria do Rosário jamais escreveu um post no Facebook com a declaração mencionada pelo Cabo Júlio. A frase falsamente atribuída a ela foi usada em uma publicação enganosa, uma montagem criada com o nome da parlamentar. 
O vídeo que circula nas redes sociais é de 2016. Na época, portais noticiaram que o político havia lido uma falsa postagem da parlamentar. Maria do Rosário repudiou o ataque do deputado estadual, e Cabo Júlio foi notificado pelo Ministério Público para que fizesse uma retratação sobre o assunto, o que ocorreu em 2017 e em 2018
Veja, abaixo, a íntegra do pronunciamento feito pelo deputado estadual em 2018:
“Senhoras e senhores, deputados e deputadas, como parlamentar, venho a essa tribuna para um pronunciamento no qual me dirijo a Minas Gerais e ao Brasil para pedir desculpas públicas à deputada Maria do Rosário, representante do estado do Rio Grande do Sul, na Câmara dos Deputados. E essas desculpas devo à deputada devido ao discurso que proferi nesse plenário na Assembleia no dia 9 de novembro atingindo com palavras a sua pessoa. 
Confesso que fui induzido a cometer esse erro contra a deputada por notícias falsas que foram veiculadas prejudicando sua imagem com pronunciamentos divulgados como se fossem seus. No entanto, não posso deixar de reconhecer que em nenhuma circunstância tinha o direito de ofendê-la. 
Assim, a partir da iniciativa tomada pela deputada junto do Ministério Público de Minas Gerais, representada na pessoa do promotor Daniel de Oliveira Malat, faço essa retração pública [de] desculpas por uma falsa acusação que fiz à deputada, uma vez que essa parlamentar tem atuação na defesa da vida e contra o crime e a violência, inclusive com leis aprovadas. 
Deputada Maria do Rosário, não apenas ela, mas todas as mulheres que se sentiram ofendidas, a vocês reitero minhas desculpas publicamente. Sou honrado, ciente para não me esconder atrás da imunidade parlamentar. Peço a todos que me acompanham como deputado que contribuam para divulgar a minha retratação a fim de minorar o impacto da ofensa que pratiquei”.
A falsa publicação atribuída a Maria do Rosário marca a data de 4 de novembro de 2016. No entanto, o assalto sobre o qual ela teria falado ocorreu no dia posterior, 5 daquele mês – logo, não seria possível a parlamentar ter feito uma publicação sobre o assunto antes de o crime ocorrer. Após Cabo Júlio ter feito a acusação sobre a deputada federal, ela se manifestou no Facebook, no dia 9, afirmando que “falsificar tweets e postagens se tornou fácil com programas de computador”. “Mais uma mentira”, disse. 
Ainda em 2016, o Boatos.org fez uma verificação sobre o caso. Em 2020, o Estadão Verifica também desmentiu o conteúdo. Agora, em setembro de 2024, no período eleitoral em que Maria do Rosário é candidata à prefeitura de Porto Alegre, a desinformação voltou a circular. 

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João Pedro Capobianco
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