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Candidato do PL paga por post misógino contra Anielle como propaganda eleitoral
09.09.2024 - 19h00
Rio de Janeiro - RJ
O candidato a vereador do Rio de Janeiro pelo Partido Liberal (PL), Professor Paschoal, impulsionou no Instagram e Facebook uma propaganda eleitoral de cunho misógino contra a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. No post — que fere normas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) —, o candidato menciona as acusações de assédio sexual divulgadas na quinta-feira (5) contra o então ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida — exonerado do cargo na sexta-feira (6)  —, que apontam Anielle como uma das vítimas. Almeida nega as acusações. Anielle se pronunciou na sexta-feira (6) sobre o caso
A publicação do candidato faz uma alusão — maldosa, vulgar e com teor sexual —, à frase “quem mandou matar Marielle”, usada na campanha pela investigação da morte da irmã de Anielle, Marielle Franco, assassinada em março de 2018.
De acordo com dados da Biblioteca de Anúncios da Meta, a postagem paga teve ao menos 30 mil impressões e foi visualizada por mais de 17 mil contas diferentes no Instagram e Facebook até esta segunda-feira (9).  
Candidato a vereador pelo PL faz ataque misógino contra Anielle Franco em propaganda eleitoral impulsionada na Meta.
A propaganda de Paschoal adere a uma tendência de ataques misóginos contra a ministra nas redes. Monitoramento feito pela Lupa, a partir de dados coletados pelo monitor da Palver em grupos públicos do WhatsApp e Telegram, mostra que a mensagem de cunho misógino também circulou em dezenas de grupos de mensagem entre quinta, dia 5 de setembro, e segunda-feira (9).  
Uma das publicações compartilhada em grupo de WhatsApp repete o texto ofensivo. Outra mensagem enviada no Telegram ironiza a situação.
Na nota publicada nas redes sociais na sexta-feira, a ministra  pediu respeito ao seu espaço e privacidade, destacando que tentativas de desqualificar ou pressionar vítimas só alimentam o ciclo de violência, e afirmou que contribuirá com as investigações quando solicitada.

O que diz a norma do TSE

De acordo com a Resolução nº 23.732, de 27 de fevereiro de 2024, o impulsionamento de conteúdo em provedor de aplicação de internet somente poderá ser utilizado para promover ou beneficiar candidato, partido ou federação que o contrate.
O artigo 9, parágrafo 4 da resolução também determina que provedores — neste caso a Meta —, serão solidariamente responsáveis, civil e administrativamente, se não removerem de forma imediata conteúdos e contas durante o período eleitoral quando houver discursos de ódio, incluindo racismo, homofobia, e ideologias discriminatórias contra pessoas ou grupos com base em origem, raça, sexo, cor, idade, religião, entre outros. 
Em nota, a Meta afirmou que "anúncios sobre temas sociais, eleições ou política são removidos quando é identificada a violação de nossas políticas de conteúdo e de publicidade ou uma violação às normas locais apontada pelas autoridades competentes". A publicação de Paschoal já não estava mais disponível no final da tarde desta segunda-feira (9).
Em outubro de 2023, a Meta aderiu à campanha Brasil Sem Misoginia, liderada pelo Ministério das Mulheres. 

Outro lado

O candidato Professor Paschoal foi procurado pela Lupa, mas não respondeu até a publicação desta reportagem.

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Maiquel Rosauro
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