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Principais candidatos a prefeito de Porto Alegre postam informações falsas sobre a enchente e pesquisas eleitorais
09.09.2024 - 15h27
Porto Alegre - RS
A enchente que destruiu parte do Rio Grande do Sul e as pesquisas eleitorais são dois pontos sensíveis para os candidatos a prefeito de Porto Alegre. Os temas são recorrentes em posts nas redes sociais e costumam trazer informações falsas, sobretudo, quando o foco é o sistema de proteção contra cheias da cidade.
A Lupa analisou as publicações em perfis no Facebook, Instagram, X e TikTok - postadas entre 1º de junho e 31 de agosto - dos quatro candidatos a prefeito mais bem colocados na Pesquisa Quaest, publicada em 27 de agosto: Sebastião Melo (MDB), Maria do Rosário (PT), Juliana Brizola (PDT) e Felipe Camozzato (Novo). Foram selecionadas para esta reportagem três publicações de cada candidato com dados possíveis de serem checados. 
Constatou-se que Camozatto errou em um post no qual alega que 20% da população brasileira sustenta os outros 80%. Ele também trouxe informações insustentáveis para justificar que a Starlink é a única empresa capaz de ofertar internet de qualidade para 40 mil colégios brasileiros.
Melo errou ao justificar que a enchente de maio, em Porto Alegre, não poderia ter sido evitada, pois tal informação é inexistente no estudo citado pelo próprio candidato. Em um post sobre a Pesquisa Quaest, ele omite que, pela metodologia do estudo, não lidera sozinho as intenções de voto.
Brizola enganou o leitor ao criar um gráfico com dados de quatro pesquisas distintas para mostrar um suposto crescimento nas intenções de voto. Ela também erra os dados de uma publicação sobre roubos de celulares em vias públicas.
Rosário errou quando disse que há mais de dez anos não havia manutenção das comportas do Cais Mauá, pois o serviço foi feito em 2020. Também erra quando alega que há um déficit de 6 mil vagas em creches e quando compara duas pesquisas com metodologias distintas sobre a fome no Brasil.
Três das 12 postagens selecionadas para checagem foram encontradas no X (ex-Twitter), antes do bloqueio da rede social no país pelas autoridades brasileiras, o que ocorreu em 31 de agosto

Sebastião Melo (MDB)

Nós adotamos uma política de não subir a passagem, porque isso é muito importante pros trabalhadores e pra economia de Porto Alegre"
– Sebastião Melo (MDB), prefeito de Porto Alegre e candidato à reeleição, em post no X, em 9 de agosto
Falta contexto
Em 1º de julho de 2021, no primeiro ano de gestão de Melo, o preço da passagem de ônibus em Porto Alegre passou de R$ 4,55 para R$ 4,80 - aumento de 5,54%. Desde então, o valor da tarifa não foi alterado.
A enchente de maio, em Porto Alegre, não poderia ter sido evitada.
É o que aponta o relatório oficial do Governo Holandês de Redução de Risco de Desastres a Surtos (DRRS)"
– Sebastião Melo (MDB), prefeito de Porto Alegre e candidato à reeleição, em post no Instagram, em 23 de agosto
Falso
Em nenhuma das 52 páginas, do relatório do Programa do Governo Holandês de Redução de Risco de Desastres e Suporte a Surtos (DRRS) sobre a enchente em Porto Alegre, consta a informação de que a inundação de maio de 2024 não poderia ter sido evitada na capital. O documento indica que diversos fatores climáticos e de infraestrutura contribuíram para a gravidade da enchente.
Em relação aos fatores climáticos e físicos, o estudo indica que a elevação acima do esperado do Delta do Jacuí e Lago Guaíba ocorreu, principalmente, pelo volume pluvial significativamente superior às condições normais, associado às limitações tanto naturais quanto excepcionais de escoamento do Lago Guaíba para a Laguna dos Patos (página 16).  
Sobre sistemas de monitoramento e previsão de inundações, o estudo apontou uma rede de coleta de dados hidrológicos comprometida ou inoperante durante o evento hidrológico, além de um sistema de alerta à população pouco eficiente quanto ao dimensionamento dos eventos. Também destacou que "os alertas realizados no início dos eventos foram subestimados pelos órgãos estaduais e municipais" (página 16).
Em relação ao sistemas de proteção e contenção contra cheias em Porto Alegre, o documento diz que muitas comportas não operaram com eficiência, apresentando inúmeros vazamentos ou pequenos rompimentos, e aponta que faltaram alternativas de energia emergencial para suprir os equipamentos de bombeamento como, por exemplo, os geradores. (página 16). Também diz que existe uma aparente falta de manutenção dos equipamentos e um retorno do escoamento nas bombas devido à falta de válvulas de retenção (página 17).
O relatório foi disponibilizado, em 19 de agosto, no site da Prefeitura, e noticiado pelos principais veículos de imprensa da capital, como GZH, Correio do Povo, O Sul, Jornal do Comércio, Sul21 e Matinal Jornalismo. Em nenhuma dessas reportagens foi informado que a enchente de maio não poderia ter sido evitada.
Estamos liderando esta caminhada rumo à reeleição"
– Sebastião Melo (MDB), prefeito de Porto Alegre e candidato à reeleição, em post no Instagram, em 27 de agosto
Falta contexto
Melo se refere à Pesquisa Quaest, contratada pelo Grupo RBS e publicada em 27 de agosto. O estudo mostra o MDB com 36% das intenções de voto na pesquisa estimulada contra 31% de Maria do Rosário (PT). Porém, o post emite que Melo e Rosário estão tecnicamente empatados, já que a margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. 
Ou seja, no limite da margem de erro, Melo tem entre 39% e 33%, enquanto que Rosário está entre 34% e 28% das intenções de voto da pesquisa estimulada (quando o eleitor recebe um cartão com os nomes dos candidatos). 

Outro lado

A Lupa entrou em contato com a campanha de Sebastião Melo, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria. O texto será atualizado caso o candidato se manifeste.

Maria do Rosário (PT)

Eram 33 milhões de brasileiros passando fome, hoje, o atual relatório aponta que são 9 milhões"
– Maria do Rosário (PT), candidata à prefeita de Porto Alegre, em post no Instagram, em 12 de julho
Falso
O post traz dados de duas pesquisas que usam metodologias distintas. Ao comparar ambas, a publicação distorce os fatos e engana o leitor. 
A Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan) divulgou, em junho de 2022, que 33,1 milhões de pessoas não tinham o que comer no Brasil naquele ano. O estudo fez parte do 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil. 
O estudo da Rede Penssan usou como medida a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia), que também é utilizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a qual divide a insegurança alimentar (quando a pessoa não tem acesso regular a alimentos) em três níveis leve, moderada e grave (fome). As estatísticas foram coletadas entre novembro de 2021 e abril de 2022, a partir da realização de entrevistas em 12.745 domicílios, em áreas urbanas e rurais de 577 municípios, distribuídos nos 26 estados e no Distrito Federal.
Em julho de 2024, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) divulgou o “Estado da Segurança Alimentar e da Nutrição no Mundo de 2024”, o qual constatou que 14,3 milhões de brasileiros (6,6% da população) estão em insegurança alimentar grave, 39,7 milhões (18,4%) estão em insegurança alimentar grave ou moderada e 8,4 milhões estão em subnutrição (3,9%) entre 2021 e 2023 (página 192). 
Na metodologia da FAO, a insegurança alimentar é a estimativa de quantas pessoas não têm acesso suficiente à comida por causa da falta de recursos. Já a subnutrição está associada à fome e estima quantas pessoas não têm energia alimentar suficiente, ou seja, passam fome.
Vivemos hoje um déficit de 6 mil vagas na educação infantil, só de mães e crianças que bateram na porta da creche e não conseguiram vaga"
– Maria do Rosário (PT), candidata à prefeita de Porto Alegre, em post no Instagram, em 18 de agosto
Falso
A assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Educação de Porto Alegre informa que a fila de espera nas creches, atualmente, é de 3.077 vagas.
Há mais de 10 anos não havia a manutenção das comportas do cais [Cais Mauá]"
– Maria do Rosário (PT), candidata à prefeita de Porto Alegre, em post no Instagram, em 26 de agosto
Falso
A publicação mostra trecho de uma conversa de Rosário com o ex-prefeito de Porto Alegre, José Fortunati (PDT), que esteve à frente da Administração Municipal em 2011, quando as comportas do muro do Cais Mauá foram reformadas. Contudo, essa não foi a última reforma da estrutura. 
Em abril de 2020,O Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) realizou tanto a manutenção dos trilhos das comportas quanto testou o acionamento hidráulico das estruturas. “O teste faz parte das ações de reforma dos portões do Sistema de Proteção Contra Inundações, que teve início no mês de janeiro”, diz matéria publicada no site da Prefeitura em 20 de abril de 2020.  
A manutenção preventiva iniciou em janeiro de 2020 e foi finalizada em junho daquele ano. As intervenções são realizadas pela empresa Bombas Sinos, pelo valor de R$ 416,6 mil e contemplaram pintura, lixação, lubrificação, limpeza do entorno, construção de contrapiso e reforma dos trilhos, entre outros trabalhos, em 12 dos 14 portões

Outro lado

A Lupa entrou em contato com a campanha de Maria do Rosário, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria. O texto será atualizado caso a candidata se manifeste.

Juliana Brizola (PDT)

Dados do Anuário de Segurança Pública mostram que a cada hora foram roubados 2 celulares em via pública no Rio Grande do Sul em 2023."
– Juliana Brizola (PDT), candidata à prefeita de Porto Alegre, em post no TikTok, em 12 de agosto
Falso
Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2024 mostram que, em 2023, o Rio Grande do Sul registrou o furto de 3.511 celulares e o roubo de 13.849 aparelhos (página 45), totalizando 17.360 celulares levados por bandidos. Além disso, o estudo mostra que 78,9% dos roubos de celular no estado ocorreram na via pública (página 87), enquanto que o furto do aparelho em vias públicas gaúchas ocorreu em 20,3% dos casos (página 88). 
A publicação erra ao não distinguir aparelhos roubados e furtados e comete um segundo equívoco ao ignorar que 21,1% dos roubos não ocorreram em vias públicas. No total, 10.926 (ou seja, 78,9% de 13.849) foram roubados em vias públicas no Rio Grande do Sul ano passado. 
Isso significa que, em média, 1,2 (ou seja, 10.926 aparelhos divididos por 8.760 horas) foi roubado por hora no estado em 2023. Vale explicar que o período de um ano tem 8.760 horas (um dia tem 24 horas e um ano tem 365 dias, logo 365 multiplicado por 24 é igual a 8.760).

Outro lado

Em nota, a campanha de Juliana Brizola informa que os dados foram retirados de uma matéria publicada por Zero Hora, em 30 de julho, cujo título é cujo título é "Dois celulares foram levados por criminosos a cada hora em 2023 no RS, diz estudo". Acrescenta ainda que "de fato, a chamada menciona que “celulares foram levados”, sem fazer distinção clara entre 'roubo' e 'furto'. Assim, nosso post está essencialmente correto. Classificar como 'falso' é um exagero.”
Juliana Brizola não para de crescer e vai rumo ao 2º turno"
– Juliana Brizola (PDT), candidata à prefeita de Porto Alegre, em post no Instagram, em 19 de agosto
Falso
O post traz um único gráfico com dados de quatro diferentes pesquisas que possuem candidatos, amostras, metodologias e margens de erro distintas. Os diferentes estudos reunidos em um único gráfico criam uma comparação imprecisa e enganosa.
A primeira pesquisa do gráfico, Atlas/CNN, entrevistou 1.798 eleitores a partir de um recrutamento digital aleatório, no qual os entrevistados são selecionados durante a navegação de rotina pela internet. O estudo foi feito entre os dias 9 e 14 de junho, com margem de erro de 2,0 pontos percentuais para mais ou para menos, e o nível de confiança, de 95%. A pesquisa mostrou Maria do Rosário (PT) com 30,2% das intenções de voto; Sebastião Melo (MDB), 24,8%; Any Ortiz (Cidadania), 9,1%; Juliana Brizola (PDT), 8,2%; Felipe Camozzato (Novo), 6,7%; Fabiana Sanguiné (PSTU), 1,3%; Doutor Thiago Duarte (UB), 1,3%; Não sei, 2% e Voto branco/nulo, 7,9%.
A segunda pesquisa foi produzida pela Futura/100% Cidades, entre os dias 7 e 21 de junho, e ouviu 800 pessoas a partir de entrevista telefônica assistida por computador. A margem de erro é de 3,5 pontos percentuais para um nível de confiança de 95%. O estudo mostra Rosário com 29,2% das intenções de voto; Melo, 28%; Brizola, 10%; Ortiz; 5,8%; Duarte, 5,1%, Luciano Zucco (PL), 3,1%; Camozzato, 7,8%, Indecisos, 2,9%; e Voto branco/nulo, 7,9%.
A terceira pesquisa, Atlas Intel, entrevistou 1.221 pessoas, entre os dias 2 e 7 de agosto, a partir de um recrutamento durante a navegação de rotina na web em territórios geolocalizados em qualquer dispositivo (smartphones, tablets, laptops ou PCs). A margem de erro é de 3,0 pontos percentuais para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%. A pesquisa mostra Rosário com 34,1%; Melo, 30,7%; Brizola, 12,7%; Camozzato, 12,5%; Lauro Shafer (UP), 0,4%; Sanguiné, 0,1%; Não sei, 3,6% e Voto branco/nulo, 5,8%.
A quarta pesquisa, do Instituto Methodus, foi realizada com 800 pessoas, utilizando questionário estruturado, entre os dias 14 e 16 de agosto. A margem de erro é de 3,5 pontos percentuais para mais ou para menos, com nível de confiança é de 95%. O estudo mostra Melo com 29,6%; Rosário, 26,8%; Brizola, 14,1%; Felipe Camozzato, 5,0%; César Pontes (PCO), 1%; Carlos Alan (PRTB), 0,8%; Schafer, 0,5%; Fabiana Sanguiné (PSTU), 0,4%; Brancos e nulos, 10,8% e Não sabem, 11,1%.

Outro lado

Em nota, a campanha de Juliana Brizola diz não considera a postagem enganosa. “Foi informado na legenda que se tratavam de diferentes institutos de pesquisa e em diferentes momentos, que mostram a situação da candidatura em diferentes momentos da campanha, essa informação está contextualizada na própria imagem, não podendo ser considerada uma notícia falsa".
Juliana é a 2ª colocada em potencial de voto e tem a menor rejeição entre os candidatos mais conhecidos"
– Juliana Brizola (PDT), candidata à prefeita de Porto Alegre, em post no Instagram, em 27 de agosto
Falta contexto
O gráfico usa dados da Pesquisa Quaest, contratada pelo Grupo RBS e publicada em 27 de agosto, sobre o potencial de voto. O estudo perguntou aos eleitores se eles conheciam os candidatos e, conhecendo, se votariam ou não neles. Melo registrou 54% do potencial de voto; Brizola, 43%; Rosário, 42% e Camozzato, 11%. O post, contudo, não informa que Brizola e Rosário estão tecnicamente empatadas já que a margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. 

Outro lado

Em nota, a campanha de Juliana Brizola diz que "a postagem se propõe a falar sobre o potencial de voto. Não há nenhum tipo de desinformação, somente um recorte absolutamente verdadeiro dos fatos".

Felipe Camozzato (Novo)

Outra esquerdista que, por simples birra ideológica, inventa um argumento sem sentido para atacar a única empresa [Starlink] capaz de entregar internet de qualidade para 40 mil colégios. Nunca é pelo povo, sempre é pela ideologia"
– Felipe Camozzato (Novo), vereador e candidato a prefeito de Porto Alegre, em post no X, em 11 de junho
Insustentável
O Ministério da Educação (MEC) publicou, em 7 de agosto do ano passado, a Portaria nº 33/2023, que define critérios da Política de Inovação Educação Conectada. O regramento determinava que o link de internet deveria ter velocidade mínima de 1 megabit por segundo (mbp) por estudante no maior turno ou, caso a escola tenha número de alunos menor de 50 estudantes por turno ou maior que mil alunos por turno, deveriam ser respeitadas, sempre que possível, a velocidade mínima de 50 mbps e a máxima de 1 gigabit por segundo (gbps) por escola. 
Em 6 de outubro, o Estadão publicou que a Starlink, empresa de Elon Musk, era a única capaz de atender os requisitos para levar internet via satélite até 40 mil escolas. Contudo, tal situação vai de encontro à Nova Lei de Licitação (Lei nº 14.133/2021), que assegura o tratamento isonômico entre os licitantes, bem como a justa competição
Em 7 de outubro, o ministro da Educação, Camilo Santana, anunciou no X a suspensão imediata dos trechos da portaria referentes aos critérios técnicos de velocidade para reavaliação dos termos. Ou seja, hoje não existe um critério que garanta que a Starlink é a única capaz de levar internet de qualidade a 40 mil escolas. 
20% da população sustenta os outros 80%. Como alguém pode achar que isso dará certo?"
– Felipe Camozzato (Novo), vereador e candidato a prefeito de Porto Alegre, em post no X, em 22 de julho
Falso
O candidato mostra dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para indicar que, ao final de 2023, o Brasil possuía 43 milhões de pessoas (empresários, empreendedores e funcionários) - ou seja, 21,18% dos 203 milhões de brasileiros - que sustentavam outros 160 milhões (12 milhões de servidores públicos; 39 milhões de aposentados, pensionistas e auxílios; 53 milhões de crianças e adolescentes até 18 anos; e 56 milhões do Bolsa Família). A comparação é enganosa. 
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do IBGE constatou que, ao final de 2023, o Brasil possuía 100,7 milhões de pessoas ocupadas. O gráfico não leva em consideração que beneficiários do Bolsa Família podem trabalhar e ser categorizados como parte da força de trabalho. A renda mínima mensal para entrar no programa é de até R$ 218 por pessoa. Em dezembro de 2023, o Bolsa Família atendia 21,06 milhões de famílias, o que correspondia a 56 milhões de pessoas (que  inclui menores de idade e não é especificado no gráfico).
O gráfico também está errado ao alegar que o Brasil possuía 203 milhões de habitantes ao final de 2023. No último trimestre daquele ano, segundo o IBGE, o país possuía uma população de 216 milhões.
Por outro lado, o gráfico acerta quando mostra que o Brasil possuía 12 milhões de funcionários públicos até o fim de 2023. Conforme a Pnad Contínua, no final do ano passado o Brasil possuía 12,2 milhões de trabalhadores no setor público. Porém, a publicação omite que há funcionários públicos que atuam em estatais que geram lucro, como é o caso, por exemplo, de Petrobras, Banco do Brasil, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Caixa Econômica Federal (página 14).
O post também acerta ao apontar que o Brasil possuía 39 milhões de aposentados. Em novembro de 2023, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) pagou benefícios a pouco mais de 39 milhões de brasileiros, sendo 5,6 milhões de benefícios assistenciais e 33,3 milhões previdenciários. Entretanto, a publicação omite que os aposentados só estão aposentados porque contribuíram para a previdência social enquanto estavam na ativa.
O gráfico informa a existência de 53 milhões de crianças e adolescentes, segundo estimativa de 2019. Esse dado está correto.
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Nós perdemos mais de 3 mil empregos formais em Porto Alegre"
– Felipe Camozzato (Novo), vereador e candidato a prefeito de Porto Alegre, em post no Instagram, em 19 de agosto
Verdadeiro
De acordo com dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), após a enchente de maio, Porto Alegre registrou dois meses de queda nos empregos formais. Em maio, foram 2.606 empregos a menos na cidade e, em junho, 1.203, totalizando 3.809 desligamentos. O município começou a sua recuperação em julho, criando 686 postos de trabalho.

Outro lado

A Lupa entrou em contato com a campanha de Felipe Camozzato, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria. O texto será atualizado caso o candidato se manifeste.

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