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Em Porto Alegre, Juliana Brizola exagera sobre bairro afetado na enchente
10.09.2024 - 15h00
Carol Macário e Maiquel Rosauro
Rio de Janeiro - RJ
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Juliana Brizola na Rádio Gaúcha em 10 de setembro de 2024 - Imagem: reprodução
A ex-deputada estadual Juliana Brizola (PDT), candidata à prefeitura de Porto Alegre, foi sabatinada pela Rádio Gaúcha nesta terça-feira (10). Ela falou dos planos para proteger a cidade em caso de novas enchentes e criticou o prefeito Sebastião Melo (MDB) no que diz respeito à prevenção e gestão da crise climática de maio. 
A candidata exagerou ao mencionar que, dentre os bairros da capital gaúcha, o Humaitá foi que mais demorou para escoar toda a água das cheias.
Além de Brizola, outros candidatos sabatinados pela Gaúcha também foram checados pela Lupa: a deputada federal Maria do Rosário (PT), o prefeito e candidato à reeleição Sebastião Melo (MDB) e o deputado estadual Felipe Camozzato (Novo).
A Lupa checou algumas das declarações de Juliana Brizola. A assessoria de imprensa da candidata foi procurada e as respostas enviadas pela equipe serão incluídas na checagem.
“[O bairro] Humaitá é um lugar que sofreu muito - sofreu duas vezes, com o alagamento e sofreu para escoar a água - foi o lugar que mais demorou para sair a água”
– Juliana Brizola (PDT), candidata à prefeita de Porto Alegre, em entrevista à Rádio Gaúcha, em 10 de setembro de 2024
Exagerado
O Bairro Humaitá, na zona norte de Porto Alegre, foi um dos mais atingidos pela enchente. Em 28 de maio, o jornal Correio do Povo noticiou que os moradores começaram a retornar para casa porque a água havia começado a baixar. Segundo o veículo, a instalação de uma bomba flutuante foi essencial para reduzir o alagamento.
Porém, o último bairro em que a água de fato recuou foi no Sarandi, também na zona norte da cidade. Em 29 de maio, o Correio do Povo mostrou que a Prefeitura seguia fazendo reparos no dique que extravasou, enquanto três bombas emprestadas pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) drenavam a água acumulada no bairro. No local, os moradores ainda aguardavam o retorno às moradias. 
Reportagem do Metrópoles, publicada em 31 de maio, informava que 24 mil moradores do Bairro Sarandi seguiam fora de casa porque o rompimento no dique ainda não havia sido resolvido e o local seguia alagado, enquanto que uma matéria da CBN, no mesmo dia, noticiava o retorno dos moradores do Humaitá para casa. O Sul21 também mostrou ruas alagadas do bairro Sarandi em 1º de junho.
O Sul 21, em 29 de junho, e o Diário Gaúcho, em 8 de julho, noticiaram que um problema pontual de alagamento ainda persistia na Rua Jacipuia, no bairro Guarujá, zona sul de Porto Alegre, há dois meses, desde o início da enchente. De acordo com o Dmae a via fica abaixo do nível do Guaíba e a região não possui sistema de proteção contra inundações, como muros, diques e casas de bombas. Além disso, o vento sul provocou ondas que ajudaram a levar a água para dentro do bairro e impediram o escoamento do esgoto pluvial que funciona por gravidade.
“Dmae fechou o caixa positivo no final do ano passado”
– Juliana Brizola (PDT), candidata à prefeita de Porto Alegre, em entrevista à Rádio Gaúcha, em 10 de setembro de 2024
Verdadeiro
O Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) encerrou 2023 com um ativo circulante de R$ 428,9 milhões (página 32), conforme consta nas Demonstrações Contábeis da Prefeitura de Porto Alegre.
“Porto Alegre tem um orçamento de R$ 11 bilhões”
– Juliana Brizola (PDT), candidata à prefeita de Porto Alegre, em entrevista à Rádio Gaúcha, em 10 de setembro de 2024
Verdadeiro
A Lei Orçamentária Anual 2024, aprovada pelos vereadores de Porto Alegre em dezembro do ano passado, prevê um orçamento de R$ 11,68 bilhões para o município (página 2).
"São 3 mil crianças que não têm vaga nas creches"
– Juliana Brizola (PDT), candidata à prefeita de Porto Alegre, em entrevista à Rádio Gaúcha, em 10 de setembro de 2024
Verdadeiro
A assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Educação de Porto Alegre informa que a fila de espera nas creches, atualmente, é de 3.077 vagas. 
O número representa cerca de 8% do déficit de vagas em creches em todo o Rio Grande do Sul. 
“(...) Temos hoje 45 mil CNPJs atingidos [pelas enchentes]”
– Juliana Brizola (PDT), candidata à prefeita de Porto Alegre, em entrevista à Rádio Gaúcha, em 10 de setembro de 2024
Verdadeiro
Um balanço divulgado em 15 de maio pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo (SMDET) de Porto Alegre indicou que 45.970 CNPJs foram impactados diretamente pelas enchentes daquele mês na cidade. 
A maior parte dessas empresas estão localizadas nos bairros de Sarandi, Anchieta, Humaitá, Farrapos, São Geraldo, Navegantes, São João, Floresta, Centro Histórico, Praia de Belas, Menino Deus, Cidade Baixa, Vila Assunção, Cristal, Lami, Serraria, Arquipélago e Ponta Grossa.  
“(...) Ali no Jardim Leopoldina tem assim um prédio levantado, tá faltando só o final pra acabar, mas que está sem terminar já há bastante tempo”
– Juliana Brizola (PDT), candidata à prefeita de Porto Alegre, em entrevista à Rádio Gaúcha, em 10 de setembro de 2024
Verdadeiro
A candidata refere-se à obra da Escola Municipal de Educação Infantil Jardim Leopoldina II, iniciada em 2013 e até hoje não finalizada. Pelo projeto inicial, a escola deveria ter sido concluída em 2014, ou seja, há 10 anos. 
Vale pontuar que a escola de educação infantil no bairro Jardim Leopoldina fazia parte do Programa Nacional de Reestruturação e Aquisição de Equipamentos para a Rede Escolar Pública de Educação Infantil (Proinfância), do governo federal. Essas unidades tiveram as obras abandonadas entre 2013 e 2015 em razão da falta de fluxo de verbas federais ou dificuldades das construtoras. 
Em junho de 2022, já sob a gestão de Sebastião Melo (MDB), a prefeitura prometeu retomada da obra na creche com recursos do município. Em março de 2023, a prefeitura emitiu um novo cronograma de retomada da construção de algumas creches, entre elas a Jardim Leopoldina II, com previsão de entrega para o segundo semestre de 2024. Até o momento, a escola não foi inaugurada. 

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Editado por
Evelin Mendes e Luciana Corrêa
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