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É falso que mpox seja efeito colateral da vacina da Covid-19
12.09.2024 - 12h56
João Pessoa - PB
Circula nas redes sociais a informação de que a mpox [conhecida anteriormente como varíola dos macacos] seria, na verdade, um efeito colateral das vacinas da Covid-19. É falso.
Por WhatsApp, leitores da Lupa sugeriram que esse conteúdo fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação​:
O Físico e político Alemão Wolfgang Wodarg: o Monkeypox na maioria dos casos é Herpes Zóster, efeito secundário das vacinas que tiveram adenovírus: É tão absurdo que até os médicos o repetem como papagaios. Eles são forçados a dizerem, se pequenas bolhas aparecem lá regionalmente, então é variola dos macacos e é muito doloroso. Vá lá pessoal, estes têm sido os sintomas do herpes zóster durante toda a nossa vida. Pelo menos tem de exigir um diagnóstico diferencial e dizer, por um momento, por que é que tem de ser varíola dos macacos? Só porque este teste de lista é positivo, prova que já foi colocada no mercado ao preço do ouro, é novamente um grande negócio que estão a montar. E, em segundo lugar, querem voltar a espalhar o medo. É um grande negócio baseado nas consequências desta vacina que nos obrigaram (incautos) por causa do corona. Por outras palavras, os efeitos secundários do corona são utilizados para inventar novos negócios, para voltar a incutir medo. É uma indústria muito perversa
– Legenda de vídeo que circula no WhatsApp
Falso
O Ministério da Saúde explica em nota publicada em seu site que não há qualquer evidência que comprove que a mpox é um efeito da vacina da Covid-19. Ela é uma doença viral zoonótica transmitida por meio de contato com pessoas infectadas ou materiais contaminados. A mpox é causada pelo vírus MPXV, pertencente ao gênero Orthopoxvirus e à família Poxviridae — sem qualquer relação com o vírus Sars-CoV-2, causador da Covid.
O Conselho Federal de Farmácia, por sua vez, também esclareceu em seu site que o herpes-zóster e a mpox são causados por vírus diferentes. "O herpes-zóster é causado pelo vírus da varicela zóster (VZV), já a mpox é causada pelo orthopoxvirus da família Poxviridae. O VZV é um dos nove vírus de herpes conhecidos e o mesmo que causa a catapora. Já o vírus da mpox é da família Poxviridae, a mesma que causa a varíola. Isso significa que os vírus pertencem a grupos diferentes e não é possível confundir os dois do ponto de vista morfológico", explica a instituição. 
O infectologista e professor na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Alexandre Schwarzbold, também reforçou ao site da instituição que não existe relação genética entre o mpox com o adenovírus de chimpanzé usado na vacina Astrazeneca."O primeiro caso em humanos [de mpox] foi identificado em 1970, em uma criança da República Democrática do Congo. O ano da descoberta do vírus também se contrapõe à ideia de relação com as vacinas da Covid-19. [...] Ou seja, a Monkeypox já existia antes do surgimento da Covid-19", explica o professor.
Vacinas Adenovírus
Ao menos duas vacinas que foram usadas no Brasil contra a Covid eram à base de adenovírus, a das empresas AstraZeneca e Janssen. Elas utilizavam a tecnologia de vetor viral não-replicante de adenovírus. 
No caso da AstraZeneca, ela era produzida a partir de um vírus que causa resfriados apenas em chimpanzés e não em humanos. O genoma do adenovírus de chimpanzé é manipulado geneticamente para que ele não possa mais se replicar e para inserir o gene da proteína Spike do vírus da Covid.
Embora as vacinas com a tecnologia de vetor viral usem um outro vírus (adenovírus, causador do resfriado comum) para “carregar” as informações genéticas do Sars-CoV-2 para dentro do organismo, trata-se de uma versão modificada e segura desse patógeno. O adenovírus não pode se replicar no organismo das pessoas vacinadas.
No site da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), é possível consultar a formulação das vacinas contra a Covid. Nenhum dos imunizantes aprovados têm entre seus efeitos colaterais casos de herpes-zóster. 
Sintomas da mpox
De acordo com o Ministério da Saúde, a maioria dos casos de mpox apresenta sintomas leves e moderados, como erupções cutâneas ou lesões de pele (como bolhas, feridas com casca ou não), febre, dores no corpo, dor de cabeça, calafrio e fraqueza. A pasta também explica que esses sintomas desaparecem em algumas semanas. Por outro lado, em algumas pessoas, especialmente aquelas com diminuição na imunidade, crianças e gestantes, "os sinais e sintomas podem levar a complicações, caso não haja assistência adequada", diz. 
A principal forma de transmissão é por contato direto ou indireto com sangue, fluidos corporais, lesões na pele ou mucosas de animais infectados, diz a Organização Mundial da Saúde (OMS). "Roupas, roupas de cama, toalhas ou objetos como utensílios de cozinha/pratos que foram contaminados com o vírus pelo contato com uma pessoa infectada também podem infectar outras pessoas.", alerta a OMS.
No momento, não há tratamentos específicos para a infecção. Os sintomas costumam desaparecer espontaneamente, diz o Ministério da Saúde. Em caso de sintomas, a recomendação é procurar um serviço de saúde para diagnóstico e orientação adequada.
Checagem similar foi produzida por veículos internacionais como DW e AFP

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Catiane Pereira
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