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Lupa
Candidatos de SP voltam a trocar ofensas e mentiras em debate RedeTV!/UOL
O UOL e a RedeTV! promoveram nesta terça-feira (17) um debate com os seis candidatos à prefeitura de São Paulo mais bem posicionados nas pesquisas eleitorais: Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSOL), Pablo Marçal (PRTB), Tabata Amaral (PSB), José Luiz Datena (PSDB) e Marina Helena (NOVO). O encontro aconteceu dois dias depois do debate da TV Cultura, quando Datena atingiu Marçal com uma cadeira. Marçal participou do encontro com uma das mãos enfaixada. 
Houve tumulto e trocas de ofensas no primeiro bloco, mas a moderadora, Amanda Klein, interveio e conseguiu conter os ânimos. A partir desse momento, os candidatos apresentaram seus planos para a cidade e apostaram em críticas à gestão atual do município. Marçal foi além e criticou também o governo federal. Ele errou ao afirmar que, no governo do PT, foi cortada a possibilidade de beneficiários do Bolsa Família terem uma renda alternativa. 
Datena exagerou ao dizer que, na capital paulista, os bandidos estão matando cada vez mais, uma vez que os homicídios dolosos caíram. O candidato do PSOL, Guilherme Boulos, também deu uma declaração falsa ao dizer que seguiu as regras da Câmara dos Deputados ao recomendar o arquivamento do processo contra o deputado federal André Janones (Avante-MG) por “rachadinha”. 
Os candidatos erraram e distorceram alguns dados das pesquisas eleitorais. Nunes exagerou ao afirmar que Marçal é o candidato mais rejeitado pelos eleitores, e Tabata errou ao dizer que é a única candidata que não perde para nenhum adversário no segundo turno. 
A Lupa checou algumas das declarações dos candidatos. As assessorias de imprensa foram procuradas e as respostas enviadas pelas equipes foram incluídas na checagem.
Confira a checagem:
Eu sou hoje a única candidata que não perde para ninguém no segundo turno [segundo Pesquisa Atlas]
– Tabata Amaral (PSB), candidata à prefeitura de São Paulo, em debate realizado pela RedeTV/UOL no dia 17 de setembro de 2024
Falso
Considerando a mais recente pesquisa Atlas, de 11 de setembro, a candidata do PSB venceria Pablo Marçal no segundo turno, 49,8% contra 43,4%. Entretanto, Tabata Amaral aparece empatada tecnicamente dentro da margem de erro de dois pontos com o prefeito Ricardo Nunes (MDB) — 42% contra 40,4% — e com o candidato Guilherme Boulos (PSOL) — ambos aparecem com 33,8%.
O prefeito Ricardo Nunes venceria Pablo Marçal (48,2% contra 29,2%) e Guilherme Boulos (45,7% contra 38,5%). O candidato do PSOL, por sua vez, aparece empatado com Marçal (44,1% contra 43,2%). 
A assessoria da candidata rebateu em nota a checagem. Disse que a declaração "é absolutamente verdadeira" levando em conta os resultados da mais recente pesquisa AtlasIntel. "Ao afirmar que não perde para nenhum adversário no segundo turno, conforme o levantamento, Tabata ressaltou que não aparece numericamente atrás de nenhum candidato nas simulações de segundo turno feitas pelo instituto", diz a nota.
Sobre o desemprego profissional do Bolsa Família: 2890 cidades das 5568 cidades que existem no Brasil têm mais pessoas com Bolsa Família do que com CLT
– Pablo Marçal (PRTB), candidato à prefeitura de São Paulo, em debate realizado pela RedeTV/UOL no dia 17 de setembro de 2024
Exagerado
Não faz sentido comparar o número de pessoas com carteira assinada ao de beneficiários do Bolsa Família. Isso porque, segundo a regra do programa, uma mesma pessoa pode, ao mesmo tempo, ter carteira assinada e ser beneficiária, como explica o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), em nota enviada à Lupa. Além disso, o número citado por Marçal é exagerado, e mais da metade dos municípios têm mais contratações CLT do que beneficiários do Bolsa Família. 
Balanço feito pela Lupa mostra que em julho — dado mais atual disponível —, 2.679 (48,09%) municípios tinham mais beneficiários do Bolsa Família em comparação às contratações de CLT. O oposto aconteceu em 2.889 (51,86 %) das cidades. Três municípios (0,05%) registraram número igual de carteiras assinadas e beneficiários do programa. 
É importante destacar que 56,2% das 1.492.214 vagas de emprego formal — com carteira assinada —, criadas entre janeiro e julho, foram ocupadas por beneficiários do Bolsa Família, o que corresponde a 838.109 vagas, de acordo com dados do MDS. O resultado de 2024 contradiz a narrativa de que o benefício estimula o desemprego. 
Além disso, o número total de municípios brasileiros citados por Marçal está impreciso. São 5.571, e não 5.568, como mencionado pelo candidato.
No governo esquerdista [PT], foi cortada a possibilidade de você ter uma renda alternativa [enquanto recebe o Bolsa Família]
– Pablo Marçal (PRTB), candidato à prefeitura de São Paulo, em debate realizado pela RedeTV/UOL no dia 17 de setembro de 2024
Falso
É falso que pessoas com outras fontes de renda não possam receber Bolsa Família. Mesmo que a pessoa tenha carteira assinada, seja Microempreendedor Individual (MEI) ou possua outras fontes de renda, ainda pode se qualificar para o programa, conforme nota do  Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS),  enviada à Lupa
O site do governo federal também não menciona nenhuma restrição para trabalhadores com vínculo CLT. Para receber o Bolsa Família, o critério principal é a renda mensal per capita, calculada pela divisão da renda total da família pelo número de integrantes. Famílias com renda de até R$ 218 por pessoa podem se qualificar para o benefício.
Além disso, o Bolsa Família possui um mecanismo de proteção para que as famílias que aumentarem de renda continuem a receber o benefício, mesmo que a renda per capita  ultrapasse os limites de elegibilidade do programa —  de R$ 218 por pessoa  —, mas ainda esteja abaixo de meio salário mínimo por membro da família, ou seja, R$ 706 por pessoa
“Em agosto, 2,74 milhões de famílias estão em Regra de Proteção. Para elas, o benefício médio é de R$ 371,04”, detalhou o MDS
A Regra de Proteção do Bolsa Família permite que famílias que tiveram aumento de renda de até meio salário mínimo por pessoa continuem no programa por até dois anos. Nesse período, elas recebem 50% do valor do benefício, incluindo adicionais para crianças, adolescentes, gestantes e nutrizes. O objetivo, segundo o MDS, é oferecer estabilidade financeira para que essas famílias possam se consolidar no mercado de trabalho.
As pesquisas mostram que você, Pablo Henrique [Marçal] é o mais rejeitado
– Ricardo Nunes (MDB), prefeito de São Paulo (SP) e candidato à reeleição, em debate realizado pela RedeTV/UOL no dia 17 de setembro de 2024
Exagerado
Pesquisa Datafolha, divulgada em 12 de setembro, mostra Marçal com a maior rejeição, de 44%. Em segundo lugar está Boulos, 37%; Datena, 32%; Nunes, 19%; João Pimenta (PCO), 16%; Tabata, 16%; Bebeto Haddad (DC), 15%; Helena, 13%; Altino Prazeres (PSTU), 14%; Ricardo Senese (UP), 9%. A margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.
Por outro lado, a pesquisa Quaest, divulgada também em 12 de setembro, mostra Datena como o mais rejeitado, com 60%. Ele é seguido por Boulos, 48%; Marçal, 41%; e Nunes, 34%. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.
Pesquisa Real Time Big Data, divulgada segunda-feira (16/9), mostra Datena com 55% de rejeição, seguido por Boulos, 51%; Marçal, 50%; Tabata, 33%; Nunes, 36% e Helena, 38%. Considerando a margem de erro de três pontos percentuais, para mais ou para menos, Datena, Boulos e Marçal estão tecnicamente empatados com o maior índice de rejeição. As entrevistas, com 1,5 mil eleitores, foram realizadas entre os dias 13 e 14 de setembro, ou seja, antes do debate da TV Cultura, no domingo (15), quando Datena agrediu Marçal.
A pesquisa Veritá, também divulgada na segunda-feira (16), não perguntou em qual candidato o eleitor não votaria. O estudo pode ser acessado no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a partir do número de registro SP-08881/2024.
Ainda esta semana, até sexta-feira (20), serão divulgadas novas pesquisas Quaest, Futura, Datafolha e Paraná.
O que aconteceu antes [da atual legislatura] não pode ser julgado [sobre processo de suposta ‘rachadinha’ do deputado federal André Janones (Avante-MG)]
– Guilherme Boulos (PSOL), candidato à prefeitura de São Paulo, em debate realizado pela RedeTV/UOL no dia 17 de setembro de 2024
Falso
Guilherme Boulos foi relator na Câmara dos Deputados do processo disciplinar contra o deputado federal André Janones (Avante-MG) pela suposta prática de “rachadinha”. Boulos recomendou o arquivamento do caso. Ele alegou que a denúncia segue sendo investigada pela Justiça, mas que o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Casa não pode julgar atos anteriores ao mandato atual
Diferentemente do que alega Boulos, no entanto, o Código de Ética da Câmara não define que a cassação de mandato seja uma penalidade aplicada apenas em infrações cometidas na atual legislatura. Além disso, não existe jurisprudência sobre esse tipo de caso na Câmara. 
O deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), por exemplo, acusado de ser o mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco, do Rio de Janeiro, em 2018, teve a cassação de seu mandato aprovada pelo Conselho de Ética da Câmara em 28 de agosto deste ano — ainda que tenha sido acusado de um crime cometido quando ele era vereador na cidade do Rio, e não deputado federal. 
Vale pontuar que, apesar de não haver qualquer especificação sobre isso no Código de Ética da Câmara, em 5 de junho deste ano o colegiado acompanhou a recomendação de Boulos no caso de Janones e decidiu, por 12 votos contra 5, arquivar a representação. O caso segue na Justiça.
As primeiras denúncias contra Janones vieram à tona em novembro de 2023, com base em áudios de 2019 — no primeiro ano do primeiro mandato de Janones como deputado federal, ou seja, na legislatura anterior à atual, iniciada em 2023. Na época, dois ex-assessores o acusaram de pedir a membros de sua equipe que repassassem parte de seus salários para pagar despesas pessoais e de campanha do parlamentar, prática conhecida popularmente como “rachadinha”. 
Embora o processo de cassação tenha sido arquivado na Câmara, o caso segue na Justiça. Em 12 de setembro, a Polícia Federal (PF) indiciou Janones pelos crimes de associação criminosa, peculato e corrupção passiva. Segundo a PF, o patrimônio de Janones cresceu de forma desproporcional no período investigado e isso justifica a abertura de uma apuração.
Os eleitores de baixa renda votam na direita. É lá onde tenho a maior parte das intenções de voto
– Marina Helena (Novo), candidata à prefeitura de São Paulo, em debate realizado pela RedeTV/UOL no dia 17 de setembro de 2024
Falta contexto
O último levantamento do Datafolha (página 27), publicado em 12 de setembro, mostra que a intenção de votos da candidata Marina Helena é maior numericamente entre aqueles que ganham até dois salários mínimos, com 4%. Entretanto, dentro da margem de erro de três pontos percentuais, esse dado pode ter uma variação. A candidata, por exemplo, tem 2% entre os que ganham de dois a cinco salários mínimos — ou seja, essa variação poderia chegar a 5% e ultrapassar o levantamento daqueles com baixa renda. 
Por outro lado, Marina Helena apresenta, em seus números, uma rejeição maior justamente entre aqueles que ganham até dois salários mínimos. Entre os eleitores que não votariam na candidata, 15% estão nessa faixa de renda.  (página 33)
Você [Nunes] só fez sete [quilômetros de corredores de ônibus]
– José Luiz Datena (PSDB), candidato à prefeitura de São Paulo, em debate realizado pela RedeTV/UOL no dia 17 de setembro de 2024
Exagerado
Segundo o Painel de Monitoramento do Programa de Metas 2021-2024 da atual gestão do município de São Paulo, até abril de 2024 foram iniciadas obras para a viabilização de 6,8 quilômetros de novos corredores de ônibus da cidade - a meta é chegar a 40 quilômetros até o final da gestão.
Destes 6,8 quilômetros que constam no painel, apenas 4,1 foram concluídos. Um trecho de 2,7 ainda está em execução. Esse trecho corresponde ao corredor da avenida Celso Garcia, via arterial da zona leste da capital. 
Em nota encaminhada à Lupa no mês passado, a Secretaria de Comunicação da prefeitura confirmou que as obras desse percurso ainda estão em andamento. Também informou que o projeto prevê 8,3 quilômetros de extensão total na Celso Garcia, dos quais 2,7 quilômetros estão em obras. A primeira etapa, que vai do Parque Dom Pedro até a Rua Bresser, teve ordem de início emitida em novembro de 2023 com entrega prevista para março de 2025.
O que defendo é uma tarifa flexível que será a mesma nos horários de pico e reduzida em horários fora de pico. Porque isso já é adotada em outros lugares do mundo como Santiago do Chile
– Marina Helena (Novo), candidata à prefeitura de São Paulo, em debate realizado pela RedeTV/UOL no dia 17 de setembro de 2024
Verdadeiro
Em seu programa de governo, a candidata promete reduzir o custo da tarifa de ônibus fora dos horários de pico "para diminuir a lotação do transporte público [...], otimizando a utilização dos veículos e da infraestrutura existente" (página 16). 
Você [Pablo Marçal] foi condenado
– José Luiz Datena (PSDB), candidato à prefeitura de São Paulo, em debate realizado pela RedeTV/UOL no dia 17 de setembro de 2024
Verdadeiro
Pablo Marçal foi condenado em 2010 a quatro anos e cinco meses de prisão por furto qualificado. A decisão foi do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1). Ele foi acusado de participar de uma organização criminosa que invadia contas bancárias pela internet.
Em 2005, quando tinha 18 anos, Marçal foi preso provisoriamente no âmbito de uma investigação de criminosos que desviaram dinheiro de contas de bancos, como Caixa e Banco do Brasil. O grupo atuava por meio de criação de sites falsos das instituições financeiras e os bancos tiveram que arcar com os prejuízos e restituir os clientes. Após criar sites falsos, o grupo enviava cobranças por inadimplência para as vítimas.  
Marçal era o responsável pela manutenção dos computadores da quadrilha e por captar e-mails para os quais seriam enviados spams. Por meio desses spams, o grupo fisgava dados das contas bancárias das vítimas.
O influenciador não chegou a cumprir pena porque a punição foi declarada prescrita, ou seja, não pode ser aplicada pois o prazo previsto pela lei expirou. A justiça reconheceu a prescrição em 2018 porque, como ele era menor de 21 anos na época do crime (ele tinha 18 anos em 2005, quando a quadrilha foi investigada), o prazo prescricional é contado pela metade. Entre a sentença, que saiu em 2010, e o julgamento do recurso, somente em 2018, a pena prescreveu. 
Portanto, embora considerado culpado, ele não chegou a ser preso.
Nunca fui condenado
– Guilherme Boulos (PSOL), candidato à prefeitura de São Paulo, em debate realizado pela RedeTV/UOL no dia 17 de setembro de 2024
Verdadeiro
Boulos não possui nenhuma condenação, como mostra documento da Justiça Eleitoral de São Paulo (página 1). 
Nunca fui preso
– Guilherme Boulos (PSOL), candidato à prefeitura de São Paulo, em debate realizado pela RedeTV/UOL no dia 17 de setembro de 2024
Falta contexto
Boulos já foi detido temporariamente em três ocasiões quando era militante do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), em casos relacionados à desapropriação de terrenos. 
O primeiro caso ocorreu em 22 de janeiro de 2012, durante desocupação da moradia popular conhecida como Pinheirinho, em São José dos Campos, São Paulo. Na ocasião, Boulos foi detido por “dano qualificado” por supostamente ter depredado o alambrado de um ginásio esportivo. Ele foi liberado após depor na delegacia e pagar uma fiança de R$ 700. 
O Ministério Público de São Paulo chegou a denunciá-lo pelo caso, mas o processo foi anulado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) em 2022 devido a uma falha na citação — ato de chamar oficialmente a pessoa envolvida em um processo para que ela participe e possa se defender.
Em 2017, ele foi preso novamente enquanto prestava apoio a aproximadamente 700 famílias envolvidas em uma reintegração de posse de um terreno em São Mateus, na zona leste de São Paulo. A detenção ocorreu sob a acusação de "incitação à violência e desobediência". Ele foi liberado na mesma noite, após assinar um termo circunstanciado por resistência — medida usada em infração de menor potencial ofensivo.  
A Lupa não localizou registros oficiais de uma terceira prisão. No entanto, Boulos afirmou, em uma entrevista à revista Piauí, em 2018, que em 2002, aos 20 anos, chegou a ser detido pela polícia durante uma desocupação em Osasco, zona oeste de São Paulo.
Eu criei a primeira bancada da saúde mental no Congresso
– Tabata Amaral (PSB), candidata à prefeitura de São Paulo, em debate realizado pela RedeTV/UOL no dia 17 de setembro de 2024
Verdadeiro
Tabata é a autora da Frente Parlamentar Mista para Promoção da Saúde Mental, cuja primeira reunião ocorreu em 15 de março de 2023. Atualmente, o colegiado conta com 188 deputados e seis senadores
Na atual legislatura, em 24 de fevereiro de 2023 (página 2), ocorreu a criação da Frente Parlamentar em Defesa da Saúde Mental e Emocional, de autoria de Jeferson Rodrigues (Republicanos/GO). O colegiado, contudo, conta apenas com deputados federais (182 parlamentares).
O deputado Roberto de Lucena (Podemos-SP), em 3 de julho de 2018 (página 3), criou a Frente Parlamentar Mista em Defesa da Nova Política Nacional de Saúde Mental e da Assistência Hospitalar Psiquiátrica. O colegiado reuniu 203 deputados e quatro senadores.
[Seu partido, o PSOL, apresentou] o PL 2622/24 que propõe libertar 42 mil traficantes que estão presos
– Ricardo Nunes (MDB), prefeito de São Paulo (SP) e candidato à reeleição, em debate realizado pela RedeTV/UOL no dia 17 de setembro de 2024
Falta contexto
O Projeto de Lei nº 2622/2024 foi apresentado por sete parlamentares do PSOL e um deputado da Rede Solidariedade. Em seu texto, a proposta concede anistia aos acusados e condenados por tráfico com menos de 40 gramas de maconha. O texto não menciona o número de pessoas que seriam beneficiadas pela medida. Entretanto, o projeto foi elaborado em conformidade com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de junho deste ano que descriminalizou o porte de maconha para consumo pessoal. Por maioria, a Corte definiu que não comete infração penal quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo até 40 gramas de maconha para consumo pessoal.
"Daí porque, uma vez que restou definido pelo STF que não comete infração penal quem adquirir, guardar, transportar ou trouxer consigo para consumo pessoal a substância Cannabis, é prudente que tal entendimento seja supedâneo para anistiar quem tenha incorrido no crime previsto no art. 28, da Lei nº 11.343/2006, tendo em vista que a tese fixada, ao ser consagrada em Lei, tem o condão de ter seus efeitos retroagidos no tempo, em favor de quem foi punido por conduta que não mais se define como crime", diz o texto do projeto de lei.
Em resposta à Lupa, a assessoria do candidato reforçou que a informação está correta. E que a determinação do STF não propõe retroatividade na lei para quem já foi preso quando valia a determinação anterior. "Quem propõe a retroatividade e a liberdade das pessoas que foram presas por tráfico é a proposta de Lei do PSOL. Portanto, a frase do prefeito somente deixa de ser correta, caso esse projeto seja aprovado e sancionado", diz a nota.
Dois candidatos conseguiram trazer apoio de outros partidos, os dois que têm máquina: Boulos e Nunes
– Tabata Amaral (PSB), candidata à prefeitura de São Paulo, em debate realizado pela RedeTV/UOL no dia 17 de setembro de 2024
Verdadeiro
Além de Tabata, candidata pelo PSB, concorrem à Prefeitura de São Paulo outros nove candidatos, conforme registro no DivulgaCand: Altino Prazeres (PSTU), Bebeto Haddad (DC), Datena (PSDB), Guilherme Boulos (PSOL), João Pimenta (PCO), Marina Helena (NOVO), Pablo Marçal (PRTB), Ricardo Nunes (MDB) e Ricardo Senese (UP).
Dois candidatos têm vices de partidos distintos do partido cabeça de chapa. Um deles é Boulos, cuja vice é Marta Suplicy (PT), da mesma legenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A chapa representa a coligação formada pela Federação PSOL/Rede Sustentabilidade, Federação Brasil da Esperança (PT, PCdoB e PV) e o PDT. 
O outro é Nunes, atual prefeito de São Paulo, que tem o Coronel Mello Araújo (PL) como vice, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Nunes também conta com o apoio do Republicanos, partido do governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas. Além disso, sua coligação inclui os partidos MDB, PP, PL, PSD, Solidariedade, Podemos, Avante, PRD, Agir, Mobilização e União Brasil. 
Altino, Bebeto, Datena, Pimenta, Helena, Marçal, Senese e Tabata concorrem com chapa pura. Ou seja, os vices são do mesmo partido dos candidatos à Prefeitura. Além disso, eles não possuem o apoio de outras legendas ou federações.
Andar na Faixa Azul é 20 vezes mais seguro do que fora da Faixa Azul
– Ricardo Nunes (MDB), prefeito de São Paulo (SP) e candidato à reeleição, em debate realizado pela RedeTV/UOL no dia 17 de setembro de 2024
Exagerado
O dado citado por Nunes é exagerado, uma vez que só foi constatado em uma de duas vias da capital paulista que contam com a Faixa Azul, exclusiva para motos, e tiveram essa medição. De acordo com a prefeitura de São Paulo, com dados da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), a taxa de severidade —  indicador que permite classificar pontos críticos de acordo com a periculosidade dos acidentes que ocorrem no local — é de fator menor com a Faixa Azul. Entretanto, esse indicador varia conforme a localidade.
Na avenida 23 de Maio, a taxa de severidade dentro da Faixa Azul ficou em 4,68. Fora da Faixa Azul essa taxa foi de 14,35, número três vezes maior do que dentro dela. Na avenida dos Bandeirantes, a taxa para os acidentes dentro da Faixa Azul foi de 1,22, enquanto fora dela a taxa de severidade foi de 24,72 – apenas aqui o número foi 20 vezes menor, como afirmou o prefeito. Os dados foram coletados entre outubro de 2022 e janeiro de 2024, e não levam em consideração outras avenidas que têm faixa exclusiva para motociclistas.
A assessoria do candidato afirmou em nota que, em dois anos, não foi registrada nenhuma morte na Faixa Azul. "A aprovação à Faixa Azul é de mais de 90% entre os motociclistas", diz a nota.
São Paulo foi a capital que mais caiu no ranking nacional de alfabetização, nós caímos 19 posições
– Tabata Amaral (PSB), candidata à prefeitura de São Paulo, em debate realizado pela RedeTV/UOL no dia 17 de setembro de 2024
Falta contexto
O relatório da pesquisa Alfabetiza Brasil, com dados de 2021 do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), mostra que a capital paulista apresentou o segundo melhor índice de alfabetização entre as capitais brasileiras naquele ano, com uma taxa de 39,35. Vale lembrar que o resultado citado por Tabata foi obtido em parte pela gestão do ex-prefeito Bruno Covas, que morreu em maio de 2021. Ricardo Nunes, que era vice, assumiu a prefeitura logo após a morte do tucano.
Já o Indicador Criança Alfabetizada – divulgado em maio deste ano com dados de 2023 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) – mostra que a cidade de São Paulo tem uma taxa de alfabetização de 37,9, e estaria em 21º - caindo, de fato, 19 posições. Entretanto, o levantamento não inclui todas as capitais brasileiras, não sendo registrados dados de Rio Branco (AC), Boa Vista (RR) e Florianópolis (SC). A ausência dessas informações impossibilita uma avaliação precisa da posição de São Paulo no ranking.
Entre as dez capitais mais bem posicionadas na pesquisa Alfabetiza Brasil, com dados de 2021, São Paulo foi a capital que mais teve queda em sua posição: Teresina (PI) caiu 11 posições, Goiânia(GO) caiu uma posição, Rio de Janeiro (RJ) caiu 5 posições, Boa Vista (RR) não foi incluída, João Pessoa (PB) caiu 10 posições, Manaus (AM) caiu 5 posições, Florianópolis (SC) não foi incluída, Campo Grande (MS) caiu 9 posições e Belo Horizonte (MG) subiu uma posição.
Em nota, a assessoria da candidata afirmou que o fato de quatro capitais não terem tido seus resultados divulgados no ano de 2023 não muda o fato de que São Paulo caiu pelo menos 19 posições. "Das capitais que tiveram seus resultados divulgados, é a que mais caiu. Em relação ao primeiro ponto, seria inclusive correto dizer que São Paulo caiu entre 19 e 23 posições, considerando que as 04 capitais que não participaram do ranking podem ter tido resultados melhores do que os da capital paulista. Ou seja, a queda de 19 posições é o melhor resultado que o prefeito Ricardo Nunes pode ter alcançado", diz a nota.
O Boulos já foi preso três vezes
– Pablo Marçal (PRTB), candidato à prefeitura de São Paulo, em debate realizado pela RedeTV/UOL no dia 17 de setembro de 2024
Falta contexto
Boulos já foi detido três vezes, quando era militante do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), em casos relacionados à desapropriação de terrenos. Contudo, o candidato não possui nenhuma condenação, como mostra documento da Justiça Eleitoral de São Paulo (página 1). 
O primeiro caso ocorreu em 22 de janeiro de 2012, durante desocupação da moradia popular conhecida como Pinheirinho, em São José dos Campos, São Paulo. Na ocasião, Boulos foi detido por “dano qualificado” por supostamente ter depredado o alambrado de um ginásio esportivo. Ele foi liberado após depor na delegacia e pagar uma fiança de R$ 700. 
O Ministério Público de São Paulo chegou a denunciá-lo pelo caso, mas o processo foi anulado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) em 2022 devido a uma falha na citação — ato de chamar oficialmente a pessoa envolvida em um processo para que ela participe e possa se defender.
Em 2017, ele foi preso novamente enquanto prestava apoio a aproximadamente 700 famílias envolvidas em uma reintegração de posse de um terreno em São Mateus, na zona leste de São Paulo. A detenção ocorreu sob a acusação de "incitação à violência e desobediência". Ele foi liberado na mesma noite, após assinar um termo circunstanciado por resistência — medida usada em infração de menor potencial ofensivo.  
A Lupa não localizou registros oficiais de uma terceira prisão. No entanto, Boulos afirmou, em uma entrevista à revista Piauí, em 2018, que em 2002, aos 20 anos, chegou a ser detido pela polícia durante uma desocupação em Osasco, zona oeste de São Paulo.
187 registros de violência política ocorreram no primeiro semestre no Brasil, sendo 43 assassinatos de políticos e familiares
– Marina Helena (Novo), candidata à prefeitura de São Paulo, em debate realizado pela RedeTV/UOL no dia 17 de setembro de 2024
Verdadeiro
Levantamento produzido pela CNN Brasil, com base em relatórios do Observatório da Violência Política e Eleitoral da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), mostra que o país registrou 187 casos de violência contra lideranças políticas no primeiro semestre deste ano. Houve 43 assassinatos de políticos e familiares, com destaque para ocorrências no Rio de Janeiro (6), Bahia (4) e Ceará (4). 
De acordo com o levantamento, os casos de violência envolvem ameaças, agressões, homicídios, atentados e sequestros. Os partidos mais atingidos foram o PL, com 21 ocorrências, seguido pelo PT (16), PSB (11) e PP (11).
Para fazer um centro oncológico no Hospital [Vila] Santa Catarina, ele [Ricardo Nunes] fechou a maternidade
– Guilherme Boulos (PSOL), candidato à prefeitura de São Paulo, em debate realizado pela RedeTV/UOL no dia 17 de setembro de 2024
Exagerado
Em maio de 2022, a prefeitura de São Paulo inaugurou um centro especializado em oncologia dentro do Hospital Municipal Dr. Gilson de Cássia Marques de Carvalho – Vila Santa Catarina, na região sudoeste de São Paulo. O espaço, batizado de Centro de Alta Tecnologia em Diagnóstico e Intervenção Oncológica Bruno Covas — em homenagem ao ex-prefeito Bruno Covas (1980-2021) — foi criado para tratamento de alta complexidade e uso de robótica.
Pouco mais de um ano depois, em julho de 2023, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) anunciou que desativaria os leitos da maternidade localizada dentro da unidade. A maternidade era uma referência em atendimento a bebês prematuros. 
Na época, a Secretaria Municipal de Saúde afirmou que o hospital passava por uma readequação "para ampliar o número de leitos e vagas para atendimento oncológico". Organizações, como a ONG Prematuridade, se manifestaram contrárias, alegando preocupação com a falta de assistência para a população e que o “parto prematuro é a principal causa global de mortalidade infantil antes dos cinco anos de idade”.
Os bandidos estão matando cada vez mais
– José Luiz Datena (PSDB), candidato à prefeitura de São Paulo, em debate realizado pela RedeTV/UOL no dia 17 de setembro de 2024
Exagerado
Dois de três indicadores de mortes causadas pela ação de criminosos tiveram aumento na capital paulista no primeiro semestre de 2024 em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP). Houve redução no número de homicídios dolosos (mortes intencionais), enquanto cresceram os óbitos por latrocínio (roubo seguido de morte) e lesão corporal seguida de morte. 
A cidade de São Paulo registrou 222 casos de homicídio doloso no primeiro semestre deste ano (117 no 1º trimestre e 105 no 2º trimestre). Queda de 10,12% em relação aos 247 casos do primeiro semestre de 2023 (118 no 1º trimestre e 129 no 2º semestre).
A capital também teve 26 casos de latrocínio no primeiro semestre deste ano (17 no 1º trimestre e 9 no 2º trimestre) contra 22 no mesmo período do ano passado (7 no 1º trimestre e 15 no 2º trimestre), aumento de 18,18%.
Houve ainda 15 casos de lesão corporal seguida de morte na cidade no primeiro semestre deste ano (oito no 1º trimestre e sete no 2º trimestre) contra dez no mesmo período de 2023 (seis no 1º trimestre e quatro no 2º trimestre), aumento de 50%. 
Em 2023, a capital paulista registrou o menor número de homicídios dolosos em 23 anos. Foram registrados 481 homicídios no ano passado contra 560 de 2022, redução de 14,1%. Em relação ao latrocínio (roubo seguido de morte), foram 43 casos em 2023 contra 63 de 2022, queda de 33,3%. Quanto à lesão corporal seguida de morte, foram registrados 20 casos em São Paulo em 2023 contra 27 de 2022, queda de 25,93%.
Homicídios dolosos registrados na cidade de São Paulo. Fonte: Secretaria Estadual da Segurança Pública
Consegui aprovar, transformar em projeto de lei, 19 projetos dos quais fui autora, coautora, relatora
– Tabata Amaral (PSB), candidata à prefeitura de São Paulo, em debate realizado pela RedeTV/UOL no dia 17 de setembro de 2024
Verdadeiro
Tabata Amaral já apresentou, ao longo de dois mandatos, 141 propostas legislativas e foi relatora de seis. Desses, 19 dos quais atuou como autora, coautora ou relatora foram aprovados e transformados em projetos de lei.
É o caso do PL 5.696/2023, por exemplo, que propõe a garantia do acesso à água potável nas instituições de ensino.
Só 40% dos ônibus [operam] aos domingos
– José Luiz Datena (PSDB), candidato à prefeitura de São Paulo, em debate realizado pela RedeTV/UOL no dia 17 de setembro de 2024
Verdadeiro
A frota de ônibus da capital paulista é de 13.281,de acordo com dados de agosto da Secretaria Municipal de Mobilidade e Trânsito de São Paulo. Até 18 de agosto — última atualização disponível —, o maior número de ônibus em operação no domingo foi de 4.869, conforme balanço da SPTrans (página 52). Ou seja, 37% da frota. 
É válido mencionar que a frota de ônibus é ajustada conforme demanda e, por isso, varia diariamente. Os dias com as maiores frotas operando no domingo, em agosto, foram nos  4 e 11 de agosto, ambos com 4.869 ônibus em circulação. No domingo de 18 de agosto, última data registrada pela SPTrans, circularam 4.868 ônibus. 

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