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Alexandre de Moraes não ordenou fraude no cartão de vacinas de Bolsonaro
24.09.2024 - 16h48
Poços de Caldas - MG
Circula pelas redes sociais publicação segundo a qual o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes ordenou a inserção de dados falsos no cartão de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de sua filha. A postagem afirma que a ordem teria sido dada ao ex-secretário de Saúde de Duque de Caxias (RJ) João Carlos Brecha, que revelou a informação e confessou a fraude. É falso.
Por WhatsApp, leitores da Lupa sugeriram que o conteúdo fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação​: 
Que vergonha, hein, desse cidadão aqui ó. Mandou falsificar o cartão do Bolsonaro, tá à tona aí, veio à tona. Foi o João Carlos Brecha. Confessou que, a mando do Alexandre de Moraes, ele falsificou o cartão de vacina do Bolsonaro e da filha dele.
– Áudio em publicação nas redes sociais
Falso
Ao contrário do que circula nas redes sociais, o ministro Alexandre de Moraes não ordenou a inserção de informações falsas na carteira de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro. O ministro do STF é o relator do inquérito que apura informações sobre o caso.
João Carlos de Souza Brecha – secretário de Governo de Duque de Caxias (RJ) entre 2017 e 2023 – foi o responsável por inserir informações falsas no sistema do Ministério da Saúde, de acordo com a PF. Ele também falsificou os registros de vacinação nas carteiras da filha do ex-presidente, Laura Bolsonaro, de Mauro Cid e de seus familiares. Não há nenhuma notícia publicada com a informação de que Brecha teria atribuído a ordem da fraude a Alexandre de Moraes.
Brecha assumiu o cargo de secretário de Governo de Duque de Caxias após o aliado da família Bolsonaro Washington Reis (MDB-RJ) tornar-se prefeito do município da Baixada Fluminense. Antes disso, entre 2015 e 2016, Brecha havia sido chefe de gabinete do deputado estadual Rosenverg Reis (MDB-RJ), irmão de Washington.
A investigação sobre as fraudes em registros de vacinação indiciou 17 pessoas; entre elas, o ex-presidente Jair Bolsonaro e alguns de seus aliados.

Como se deu o esquema de fraude, segundo a PF

O ex-ajudante de ordens da Presidência da República e tenente-coronel do Exército Brasileiro Mauro Cid – também investigado no caso da venda de joias presenteadas ao governo brasileiro – foi encarregado de conseguir cartões de vacinação com registros do imunizante contra Covid-19.
O major reformado Ailton Barros – expulso do Exército em 2006, após sete prisões no âmbito militar – intermediou a inserção dos dados falsos junto a autoridades de Duque de Caxias. Barros se identificava como “o 01 do Bolsonaro” durante as eleições de 2022, quando foi candidato a deputado estadual no Rio de Janeiro, pelo Partido Liberal (PL).
Cid pediu que fossem feitas alterações no seu próprio cartão de vacina e nos de suas filhas. Em um segundo momento, pediu a falsificação dos cartões de Jair e Laura Bolsonaro. De acordo com a PF, as ordens para a alteração partiram de Bolsonaro. Ele nega que tenha ordenado a fraude.
O tenente-coronel foi o responsável por acessar o aplicativo ConecteSUS – que reúne serviços e informações do Sistema Único de Saúde (SUS) –, ligado à conta de Jair Bolsonaro, para emitir o registro de vacinação. João Carlos de Sousa Brecha teria cadastrado um e-mail para emitir o certificado de Laura Bolsonaro.
As investigações apontaram que o certificado de vacinação de Jair Bolsonaro foi emitido no dia em que ele viajou para os Estados Unidos, 30 de dezembro de 2022, onde permaneceu por três meses após ser derrotado nas eleições daquele ano.
João Carlos Brecha, investigado pela fraude, estava preso desde maio de 2023. No último dia 19, porém, o ministro Alexandre de Moraes revogou a prisão de quatro investigados pelo esquema de fraude nos cartões de vacina. Além de Brecha, também foram soltos Ailton Barros, Luís Marcos dos Reis (sargento e ex-integrante da equipe de Mauro Cid) e Sérgio Rocha Cordeiro (assessor especial de Jair Bolsonaro).

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Maiquel Rosauro
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