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Flow não recebeu quase R$ 500 mil da prefeitura de SP para debate
27.09.2024 - 18h30
Poços de Caldas - MG
Circula, pelas redes sociais, a informação de que o Flow, que promoveu debate eleitoral com candidatos à prefeitura de São Paulo (SP) no último dia 23, teria recebido quase R$ 500 mil da prefeitura da capital paulista. A acusação foi feita, inicialmente, pelo candidato Pablo Marçal (PRTB) e se espalhou pelas redes. É falso.
Por WhatsApp, leitores da Lupa sugeriram que o conteúdo fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação​: 
“Canal Flow recebeu quase R$ 500 Mil reais da Prefeitura de SP para realizar o debate” Pagaram com nosso dinheiro”
– Texto em publicação nas redes sociais
Falso
O Flow, que promoveu o debate entre os candidatos à prefeitura de São Paulo no último dia 23 de setembro, repudiou as acusações de que teria recebido verba da prefeitura da capital paulista. De acordo com o comunicado divulgado pelo grupo, as alegações de manipulação do debate e de recebimento de verba pública “são completamente infundadas” e atentam contra a reputação da empresa.
A acusação de que o Flow teria recebido verba pública do município de São Paulo partiu do candidato Pablo Marçal (PRTB) em vídeo no Instagram e durante entrevista a jornalistas, concedida no bairro da Mooca, no dia seguinte ao debate. Aos jornalistas, Marçal disse: “O Flow, por exemplo, recebeu R$ 474 mil. Eu fico me perguntando: o que que o Flow tem que receber R$ 474 mil de dinheiro público?”.
A cifra citada por Marçal foi paga pela prefeitura de São Paulo a uma empresa homônima, ou seja, que tem Flow no nome, mas sem qualquer relação com o grupo que promoveu o debate. No relatório de investimentos em publicidade institucional da prefeitura, constam dois pagamentos à empresa Flow Mídia e Publicidade LTDA, que totalizam R$ 474.999,62. O primeiro, no valor de R$ 65.972,22, foi contratado no período entre 25 e 30 de novembro de 2023, pelos serviços de “inserção de display e vídeo”.
O segundo, no valor de R$ 409.027,40, foi contratado de 1º a 31 de dezembro de 2023 pelos serviços de “inserção de display e vídeo nos principais portais de programática do ‘O Estado de São Paulo’”. Mídia programática é um termo da publicidade que designa uma estratégia de compra e venda de espaços publicitários digitais.
Segundo a Receita Federal, a empresa Flow Mídia e Publicidade LTDA é sediada em Brasília (DF). Já a Estúdios Flow Produção de Conteúdo Audiovisual LTDA, que mantém o canal Flow no YouTube e promoveu o debate entre candidatos, tem sede em São Paulo (SP). A Lupa entrou em contato com a Flow Mídia e Publicidade LTDA, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.
O Grupo Flow repudiou as acusações de Marçal e disse que a empresa homônima, “não faz e nunca fez parte do Grupo Flow”. 

Marçal atacou Flow após debate

No Instagram, ao responder à mensagem de um internauta que pediu calma nos debates e foco em propostas, Marçal reagiu: “Então quer dizer que você não sabe o que está acontecendo. A empresa que fez o debate ontem recebeu R$ 474 mil da prefeitura de São Paulo. Você sabe em que guerra que eu estou enfiado aqui?”
Na sequência do vídeo, o candidato do PRTB diz que há um “consórcio comunista” no Brasil e que ele teria sido censurado durante o debate do Flow. Marçal foi advertido três vezes pelo mediador do debate, o jornalista Carlos Tramontina, por ter descumprido regras previamente acordadas entre a organização do evento e todos os candidatos participantes. Conforme previsto pelo regulamento, o candidato acabou expulso após a terceira advertência.
Logo após a expulsão, um integrante da equipe do candidato Pablo Marçal, Nahuel Medina, agrediu com um soco o marqueteiro da campanha de Ricardo Nunes (MDB), Duda Lima. O golpe, desferido no rosto de Lima, provocou sangramento e o marqueteiro teve de ser levado a uma unidade hospitalar. Após o debate, Pablo Marçal passou a atacar a organização e a mediação do evento.

Campanha de Marçal já fez outra acusação usando homônimo

Além do uso de uma empresa homônima para acusar o grupo Flow de ter sido beneficiado por contratos com a prefeitura de São Paulo, a campanha de Pablo Marçal foi alvo de reportagens que revelaram o uso de um homônimo do candidato Guilherme Boulos (PSOL) para acusá-lo de ser usuário de drogas.
Em 28 de agosto, reportagem da Folha de S.Paulo revelou que um processo judicial por “posse de drogas para consumo pessoal” recaiu sobre o candidato a vereador Guilherme Barduil Boulos (Solidariedade), e não sobre o candidato a prefeito Guilherme Castro Boulos, do PSOL. 
A campanha de Marçal não respondeu se as acusações ao candidato do PSOL utilizaram processo contra outra pessoa de mesmo nome, mas Guilherme Barduil, empresário e candidato a vereador, admitiu que responde a um processo, por ato ocorrido em 2001, quando ele tinha 21 anos.
Desde o início da campanha eleitoral, Marçal acusava o candidato do PSOL de ser usuário de cocaína e dizia que Boulos era alvo de um processo judicial por porte de drogas. Em debates e nas redes sociais, Marçal já se referiu a Boulos como “aspirador de pó”, “cheirador de cocaína” e fez gestos com a mão no nariz para provocar o psolista.
Após as revelações da existência de um homônimo, o juiz Rodrigo Colombini, da 2ª Zona Eleitoral de São Paulo, multou Pablo Marçal em R$ 30 mil por propaganda eleitoral negativa e inverídica contra o candidato do PSOL. Em 3 de setembro, a Justiça Eleitoral obrigou a campanha de Marçal a veicular um vídeo de resposta de Guilherme Boulos.
No último dia 13, o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) decidiu que o candidato a vereador Guilherme Barduil (Solidariedade) não poderá usar o nome “Boulos” nas urnas, já que não pode haver dúvidas quanto à identidade dos candidatos.

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Catiane Pereira
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