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É perigoso dar água no bico de um pássaro ferido como mostra vídeo viral
01.10.2024 - 10h12
Rio de Janeiro - RJ
Circula pelas redes sociais um vídeo que mostra uma pessoa despejando água no bico de um passarinho com sinal de desidratação. Após a pessoa despejar a água, a ave aparentemente se recupera. A legenda que acompanha as imagens aconselha a população a disponibilizar água em recipientes abertos em locais como varandas e telhados para que pássaros e insetos se hidratem no calor. Falta contexto.  
Por WhatsApp, leitores da Lupa sugeriram que o conteúdo fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação​:
Por favor, coloque um recipiente com água no pátio, varanda, telhado, janela: o calor, devido ao fenômeno que está ocorrendo em toda a América (onda de calor), é demais para pássaros, abelhas e insetos. Temos que ajudá-los a viver
Falta contexto
Não é recomendável dar água diretamente no bico de aves, como mostra o vídeo viral. É possível deixar recipientes higienizados com água limpa e até acrescentar um pouco de açúcar na água, desde que ocorra a troca do líquido diariamente. Além disso, os recipientes devem ser limpos diariamente com sabão e esponja. Também é recomendável que sejam fechados e próprios para essa finalidade, para evitar que sirvam como locais de proliferação do mosquito da dengue.
A bióloga Vanessa Tavares Kanaan, presidente do Instituto Fauna Brasil e diretora técnica do Instituto Espaço Silvestre, afirma que é válido deixar água em recipientes para os pássaros, desde que se mantenha a higiene adequada para evitar a proliferação de bactérias. Kanaan menciona o uso dos bebedouros de bico, ou bebedouros de néctar, que podem ser utilizados por diversas espécies além dos beija-flores, como cambacicas e até morcegos, que também se alimentam de néctar.
“A principal preocupação com o uso de recipientes e bebedouros para passarinhos é a necessidade de limpeza diária, especialmente quando se utiliza açúcar. O uso de açúcar branco misturado na água é permitido, desde que o bebedouro seja mantido limpo regularmente”, explica a bióloga.
Vídeo não é atual e mostra prática perigosa 
A gravação é antiga e circula pelas redes sociais pelo menos desde março de 2022. Não é possível confirmar onde as imagens foram registradas, mas a mesma gravação também circula em perfis da Costa Rica, Guatemala e em publicações com legenda em árabe
A especialista ouvida pela Lupa alerta que despejar água diretamente no bico do pássaro, como mostra o vídeo, é uma prática arriscada, que pode colocar a vida do animal em perigo. Segundo Kanaan, a atitude poderia ter levado o pássaro a óbito, visto que o animal poderia não engolir a água corretamente se o líquido descesse pela via errada. 
“O animal pode, inclusive, cair na água e morrer, dependendo da forma como a pessoa manuseia essa água. Além disso, o pássaro pode não estar apto a ser hidratado naquele momento, podendo estar em estado de hipotermia. Dependendo do animal, há também o risco de colocar a própria pessoa em perigo, caso ele morda, arranhe e transmita alguma doença. A recomendação, portanto, é sempre buscar ajuda de um profissional”, esclareceu Kanaan.
Ao se deparar com um pássaro com sinais de desidratação, o recomendável é solicitar um resgate de um órgão ambiental, como o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas). A bióloga informa ainda que, caso não tenha um Cetas ou outro órgão ambiental próximo, as pessoas também podem buscar orientação em clínicas veterinárias.
Precaução com água parada nas residências 
Ao disponibilizar água para passarinhos e insetos, é necessário que a troca da água e a limpeza do recipiente sejam realizadas diariamente, para não fazer um criadouro para o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya.
O Ministério da Saúde reforça a importância de prevenir a proliferação do Aedes aegypti. A principal orientação é evitar o acúmulo de água parada em recipientes como pneus, vasos e garrafas, locais propícios para a reprodução do mosquito. Medidas simples, como tampar toneis, limpar calhas e manter recipientes virados para baixo, podem ajudar no combate ao inseto. 
Em fevereiro, a pasta revelou que 74,8% dos criadouros do mosquito da dengue estão dentro das residências, com água armazenada em vasos, pratos de plantas, garrafas retornáveis, bebedouros e outros recipientes sendo os principais responsáveis pela proliferação do inseto. 
Em seguida, os depósitos de armazenamento de água, como caixas d'água e tambores, representam 22% dos focos, enquanto pneus e lixo respondem por 3,2%. Os dados são do 3º Levantamento Rápido de Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa) e do Levantamento de Índice Amostral (LIA) de 2023.

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Catiane Pereira
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